13/11/2019 as 08:19

Saúde

Samu é prejudicado por retenção de macas

Por falta de leitos, Huse atrapalha serviço de urgência. Além disso, setor de catástrofe tem paciente até no chão

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Por falta de leitos, hospital atrapalha principal serviço de urgência do Estado. Além disso, setor de catástrofe tem paciente até no chão. Na última quinta-feira, 7, um episódio atraiu os olhares mais críticos da população. Uma turista teve a perna presa em uma passarela de madeira nos arcos da Orla da Atalaia. Até aí, um problema de falta de manutenção por parte de uma secretaria do Estado. Mas, a situação poderia ficar ainda pior. E, de fato, ficou!

Ao solicitar socorro ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a paciente foi informada de que teria que aguardar, pois não havia viatura disponível para o chamado imediato. Cerca de 1 hora depois da ligação, a equipe do Samu chegou ao local e não mais encontrou a turista por lá.

O episódio narrado acima pode ser um fato isolado, porém, é possível que tenha sido o início de um problema muito maior, denunciado nesta terça-feira, 12, por profissionais do próprio Samu.


De acordo com as informações fornecidas, após atenderem ocorrências e encaminhar pacientes ao Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), por falta de leitos, o hospital estaria retendo as macas e indisponibilizando o trabalho de urgência nos 75 municípios do estado.

Isso mesmo. Por falta de macas, as viaturas estariam aguardando paradas, até que fossem devolvidas.


Apesar de ter recebido fotos sobre a denúncia, a equipe de Reportagem do JORNAL DA CIDADE esteve no Huse e comprovou, de perto, a veracidade das informações. Por lá, diversos pacientes ocupavam macas do Samu, facilmente identificadas devido a um lacre amarelo e, também, uma identificação escrita com caneta afixada no equipamento.


Em uma das macas, a senhora Terezinha Teodoro, oriunda do município de Tobias Barreto e que deu entrada na unidade na última sexta-feira, 8, após ser atropelada por uma motocicleta. Segundo ela, na mesma maca em que chegou, neste caso, a do Samu, ela permanece.

Outro que também ocupava uma dessas macas era o senhor Antônio dos Santos, que chegou ao hospital nesta segunda-feira, 11, vindo do município de Santo Amaro das Brotas.

Segundo a superintendente do Samu, a enfermeira Conceição Mendonça, a situação é atípica e se deve, principalmente, ao fato de que, na segunda-feira, 11, um evento ocorrido no município de Areia Branca teria solicitado um grande número de atendimentos com remoções.


Inclusive, a superintendente informou que foram contabilizados muitos acidentes nas rodovias e, com isso, muitos pacientes tiveram que ser removidos. Ela disse ainda que o problema das macas já havia sido regularizado. “Tinha um número de macas muito grande retidas, mas, agora pela manhã, já foi tudo regularizado”, pontuou Conceição.


A informação foi ratificada pela assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Saúde (SES). “O que acontece são muitas ocorrências. Teve festa, muita gente com problemas. Inclusive teve tiro lá. Aí você tem ocorrências em outros lugares também, realmente foi uma madrugada intensa. Acabou que essas macas ficaram, temporariamente, retidas para o atendimento dos pacientes, mas já foram liberadas”, disse a assessoria, reiterando que a regularização do problema se deu ainda durante a madrugada e se estendeu até as primeiras horas da manhã.

Apesar da informação, a Reportagem esteve no Huse por volta das 10h30, onde foi possível constatar diversos pacientes ainda em macas do Samu. Com relação à situação da paciente Terezinha Teodoro, a assessoria disse se tratar de um caso pontual.

“São situações pontuais. O hospital vive superlotado, todo mundo vai para o Huse. Hoje, nós temos um atendimento muito maior, pessoas que não deveriam nem estar no Huse, mas vão para lá. Isso sobrecarrega. Então, você não tem maca para atender todo mundo. É um fato que a gestão está tentando resolver isso de forma mais ágil, exatamente para que não prejudique o trabalho do Samu”, esclareceu.

Outra problemática durante a estada da equipe de Reportagem também pôde ser observada. O corredor de catástrofe, que recentemente foi alvo de matéria por parte da SES divulgando o seu esvaziamento, estava completamente lotado de pacientes, inclusive, um deles deitava num papelão no chão do corredor.


Sobre esse assunto, a assessoria reconheceu a superlotação e disse que a gestão trabalha para resolver a situação em um curto espaço de tempo.


“É aqui que a gente fala, o hospital está cheio demais. Vem gente do interior, da Bahia, de Alagoas, você não tem área para acomodar todo mundo. É uma área que a gente está permanentemente lutando para esvaziar, mas, eventualmente, acontece ali de três, quatro macas, lotando, mas, rapidamente, a gestão vai tentando dar resolutividade para ir liberando esse corredor”, finaliza a assessoria.

Após o contato com o assessor, e também com a superintendente do Samu, a Secretaria de Estado da Saúde enviou uma nota sobre o ocorrido das macas.

Segundo a nota, a rede estadual de Saúde atravessa um momento de superlotação nas unidades de urgência e emergência, provocada pela ineficiência da atenção básica dos municípios, pois os pacientes não conseguem atendimento nos postos de saúde e procuram o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), o que acaba sobrecarregando sua capacidade de atendimento.

Com isso, as macas do Samu ficam retidas no hospital para atender os pacientes que, em grande parte, não deveriam estar neste hospital. A SES informou, ainda, que está atuando para buscar uma solução que minimize esse impacto, porém os municípios precisam colaborar atendendo sua população nas unidades básicas para os casos de baixa complexidade.

|Texto: Diego Rios

||Foto: Jornal da Cidade.