20/03/2020 as 17:55

PANDEMIA

Pânico por isolamento social pode ser combatido com nova rotina

Mudança de hábitos pode inibir medo e depressão gerados pelo confinamento para evitar contágio com coronavírus

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Em tempos de coronavírus, o isolamento social inclui uma série de medidas, como evitar aglomerações e locais de grande fluxo de pessoas, manter distância física maior de uma pessoa para outra, evitar cumprimentos com aperto de mãos, beijos e abraços. No ambiente doméstico, se as pessoas não apresentam sintomas nem teve contato com pessoas que apresentam tosse, febre e falta de ar, é possível manter um convívio familiar mais próximo depois de tomar medidas de higienização.

Mas o isolamento influencia também no fator psicológico. “O principal fator para combater o pânico gerado nesse tipo de situação é buscar informações confiáveis sobre a pandemia e tomar as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde. Além disso, para aumentar o conforto psicológico, podemos buscar fortalecer vínculos de apoio e solidariedade entre familiares, amigos, colegas e até junto à sociedade, no sentido mais amplo”, orienta o psicólogo, André Mandarino.

Ele explica que a depressão pode ser evitada buscando manter a rotina e acrescentando medidas de prevenção ao contágio. “Com o tempo, essas medidas passam a ser parte da rotina. Nesses momentos de quarentena, a diminuição do ritmo deve ser aproveitada para atividades que dão prazer, mas que não encontravam espaço no dia a dia mais agitado, como cuidar melhor da alimentação, realizar atividade física (fora de academias), colocar em dia tarefas pendentes, fazer cursos online, se dar momentos de relaxamento, enfim, aproveitar o tempo”, indica o psicólogo.

Sem pânico

André ressalta que o ser humano é social e que a saúde mental depende também da inserção e interação com a sociedade. “Na verdade, nunca estamos propriamente sozinhos. A dimensão social sempre está em nós, por isso, mesmo quando estamos fisicamente sós, podemos estar vinculados. No entanto, não é bom permanecer isolado por muito tempo, nem é necessário, devemos manter relação com familiares e amigos, mesmo sem tanto contato físico”, observa o professor.

Ele lembra que as redes sociais, quando utilizadas de maneira saudável, também podem ajudar a manter um bom contato e favorecer as relações, mesmo que não seja possível, pelo menos por enquanto, um abraço caloroso.

Segundo ele, estamos vivendo uma situação inédita na vida da grande maioria das pessoas, a primeira grande emergência global deste século. “É um momento que desafia nossa capacidade de adaptação e de encontrar soluções. O isolamento forçado e a insegurança diante de uma ameaça pouco conhecida, envolvendo risco à saúde e instabilidade econômica, por si, geram mal-estar psicológico decorrente da ansiedade”, afirma.

Um sinal de alerta para detectar a ansiedade patológica é a dificuldade de lidar racionalmente com o contexto das precauções necessárias, descambando para medidas exageradas e a busca incessante por todo tipo de informação sobre a Covid-19.  “A pessoa deixa de viver sua rotina adaptada para concentrar-se na preocupação com a doença”, conclui o psicólogo.