26/03/2020 as 12:28

GRUPO DE RISCO

Geriatra fala sobre a importância dos cuidados com os idosos durante quarentena

O isolamento pode trazer consequências negativas, portanto, os cuidados e a atenção devem ser redobrados nesse momento

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

O país todo está se mobilizando contra o coronavírus. O isolamento social é regra, enquanto sair é uma exceção. Principalmente para os considerados grupos de risco, onde entre eles estão os idosos. Mas, uma preocupação paira: as consequências desse isolamento social para os mais velhos podem ser grandes. Por isso, nesse momento de pandemia, se torna essencial o cuidado redobrado com esse grupo de risco.

Por mais difícil que seja, o “fique em casa” é obrigatório para os mais velhos. O senhor Orlando Lourenço da Silva relata que, apesar das dificuldades, tem se esforçado nos cuidados. “Não é bom ficar em casa o tempo todo, ainda mais que todo dia eu ia para associação dos aposentados da Petrobras, jogar com meus amigos. Mas, diante da gravidade desse vírus, estou tendo que ficar em casa e me cuidar, porque tenho medo de morrer, quem não tem, né? Mas, estou me cuidando direitinho”, disse.

A geriatra Juliana Santana chama atenção para a problemática dos idosos. Segundo ela, o isolamento social é negativo para eles, apesar de fundamental para evitar o contágio. “Eles ficam confinados, baixa a mobilidade, baixa a socialização, então, eles podem ter problemas. Piora a sarcopenia deles com a diminuição da massa muscular, que é importante na produção de células de defesa. Quando diminui músculo, baixa a imunidade, gerando aumento de risco de queda, aumento de dores, riscos de infecção”, pontua a médica. 

Diante disso, ela ressalta a importância da inclusão digital dos idosos. Dra. Juliana conta a experiência positiva que tem tido com os cerca de 150 idosos que participam de terapia ocupacional numa clínica particular em Aracaju. Com a pandemia e a quarentena, as atividades foram suspensas, porém, os profissionais continuam agindo por meio de videoconferência.

“Estamos tendo uma experiência nunca antes vivida. Dentro de uma pandemia, uma situação tão tensa, estamos descobrindo que temos que realmente estimular a inclusão digital dos idosos. Posteriormente podemos pensar nessa inclusão, porque tem sido positivo. Nós estamos mandando vídeos ensinando alguns exercícios para que eles possam fazer dentro de casa de maneira segura, porque temos que mobilizar eles. Eles precisam se movimentar, não podem ficar parados só na frente da televisão”, ressalta a doutora.

  

Os profissionais estão enviando materiais via e-mail, com atividades lúdicas que melhoram a memória, e também realizando vídeo chamadas em grupos de duas a três pessoas, para que possam interagir. Se atividades terapêuticas com estimulação cognitiva, para manter a mente ativa, já eram importantes, se tornaram ainda mais eficientes durante o isolamento social.

A dra. Juliana reforça um pedido aos familiares para que fiquem atentos aos pais, mães, avós durante a pandemia. “A televisão está divulgando hoje em dia muitas notícias sobre a doença, e eles sofrem muito com os desastres mundiais. Aumenta os sintomas de tristeza, de angustia. Então, precisamos passar programas positivos, de mensagens positivas. Assistir um filme interessante. Buscar focar em programas que mude o foco do coronavírus. E também as famílias precisam ligar mais vezes para eles, para que não se sintam abandonados”, alerta a médica.

Uma das idosas que está participando das atividades por videoconferência durante a pandemia, é a aposentada Maria do Carmo Queiroz Ferreira. Ela tem 96 anos de idade e pede para que todos respeitem a quarentena, e fiquem em casa para cuidarmos uns dos outros.

“Vou pedir a todos. Os idosos principalmente. Mas, a todas as pessoas, vamos ficar dentro de casa, é o nosso lugar para salvar a humanidade. Nós vamos ajudar milhões de pessoas que estão sofrendo, para que não sofram mais. Meus idosos, vamos ficar quietinhos dentro de casa”, solicita a senhora.

|Repórter: Laís de Melo

||Foto 1: Folha de São Paulo | Demais fotos cedidas