08/07/2020 as 12:30

CUIDADOS COM A SAÚDE

Durante pandemia, alergias merecem cuidados específicos

Associação recomenda, aos primeiros sintomas, procurar um médico

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Espirros e coriza, sintomas comuns de uma alergia, passaram a preocupar pessoas alérgicas com a chegada da pandemia do novo coronavírus. Reações que podem ser facilmente vinculadas a uma alergia, também podem indicar o risco de contágio pelo novo coronavírus e o desenvolvimento da covid-19. Aos primeiros sintomas, a orientação é procurar um especialista para identificar o problema.

Nesse contexto atípico de pandemia, cuidados com as alergias devem ser maiores. Esse é o alerta da Associação Brasileira de Alergias e Imunologia (Asbai), que marca hoje (8) o Dia Mundial da Alergia. Até domingo (12), a Asbai promove a Semana de Alergias 2020. A iniciativa reúne diversos tipos de atividades de conscientização sobre as métodos de prevenção e tratamento em relação a essa condição de saúde.

A médica e coordenadora da Comissão de Assuntos Comunitários da associação, Fátima Emerson, destaca que a coincidência dos sintomas de alergias, especialmente respiratórias, e da covid-19 requer atenção especial. A rinite, por exemplo, vem acompanhada de espirros, coriza e coceira no nariz. Já a asma pode ter como manifestação a falta de ar e o cansaço.

Todos esses são sintomas apontados por médicos como indicativos da infecção pelo novo coronavírus. Emerson acrescenta que em alguns casos, sintomas de alergias de pele, como urticária, também já foram detectados em pacientes com covid-19. Por isso, a recomendação da associação da área é buscar a orientação de um médico sobre qual o encaminhamento mais adequado.

“A grande dificuldade é diferenciar se o paciente com asma está numa crise ou com a covid-19. O ponto de equilíbrio é que é o difícil. Por isso, a orientação médica é o ideal. O advento da telemedicina facilitou isso. As vezes, pela descrição podemos orientá-lo”, comenta a médica.

Apesar dos cuidados redobrados, nos materiais e atividades virtuais realizados nesta semana, a Asbai buscou tranquilizar pacientes com alergias porque, a despeito da confusão dos sintomas, essa condição não é um agravante ou facilita o contágio pelo novo coronavírus. “As próprias vacinas usadas podem ser mantidas porque não causam aumento do risco e não implicam maior gravidade caso o paciente tenha covid-19”, explica.

Mas há cuidados necessários. Aqueles com alergia a medicamentos devem informar os médicos caso necessitem de tratamento. Pessoas com alergias de pele podem ter impacto no uso constante de álcool em gel ou outros produtos de desinfecção. “É importante que essas pessoas usem sabonetes adequados para conseguir enfrentar todas essas agressões”, sugere a profissional.

Quem tiver dermatite de contato pode apresentar dificuldade no uso de alguns materiais necessários neste momento, como máscaras e luvas. Por isso, é importante recorrer a alternativas que garantam a proteção sem provocar reações alérgicas.

Outro efeito é a ativação das manifestações alérgicas em razão da ansiedade estimulada pela situação excepcional no contexto da pandemia, como a necessidade de isolamento social. “Tem gente que tem dor de cabeça, e tem gente que pode agravar a alergia”, diz Emerson.

Em todos os casos em que houver presença de alergia, a recomendação da Asbai é de que o tratamento seja feito de forma continuada, e não somente durante as crises.

Casos no Huse

8 de julho é celebrado o Dia Mundial da Alergia, uma reação de hipersensibilidade que varia de pessoa para pessoa, provocando inflamações diferentes. A data definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi criada com o objetivo de alertar sobre a importância do assunto, já que em alguns casos a alergia pode causar a morte. No Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), no primeiro semestre deste ano (janeiro a junho) mais de duas mil pessoas (entre adultos e crianças) deram entrada no hospital com algum tipo de alergia, seja ela respiratória, alimentar, medicamentosa ou de pele, cada uma com um quadro específico de reação.

Com a chegada do inverno, estação mais fria do ano, as doenças respiratórias e as alergias surgem com mais frequência, gerando preocupações principalmente nesse momento de pandemia da Covid-19, já que os sintomas se assemelham como espirro, falta de ar, coriza, tosse, entre outros. Mas, nem só os adultos devem estar preocupados com essas reações alérgicas, as crianças também são grandes vítimas nessa época do ano, como explica a coordenadora do Hospital Pediátrico do Huse, Cristiane Barreto.

“Muitos casos alérgicos procuram a unidade para atendimento e resolutividade do problema. Durante o inverno essa situação aumenta e os cuidados devem ser redobrados nesse período de pandemia, quando as unidades hospitalares estão com seus leitos bastante ocupados. O ideal é que os pais façam acompanhamento com o pediatra e não mediquem suas crianças por conta própria, isso pode agravar se a criança for alérgica àquela medicação”, orientou a pediatra.

Foi o que aconteceu com a pequena M.L.P, 8, ela é alérgica a Dipirona e Ibuprofeno, ela está internada depois de uma cirurgia de apendicite, mas, a sua mãe, Sheila Pimentel, 44, relata que ela já se internou por alergia medicamentosa. “Fiquei apavorada porque a minha filha é alérgica a muita coisa como corante e medicação, por isso, já foi internada outras vezes. A penúltima foi pelo uso de Ibuprofeno, os olhos dela ficaram fechados de tão inchados e os médicos entraram com um antialérgico que foi aliviando e ela ficou bem, mas, o susto foi muito grande”, relatou a mãe da criança.

*Com informações da SES e Agência Brasil
Foto: Adriano Machado/Reuters