18/08/2020 as 08:13

PANDEMIA

Covid-19: especialistas apontam queda na curva de infectados

Segundo representante do Comitê científico da UFS, 70% dos exames apontam para pacientes recuperados

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Após mais de 150 dias desde que o vírus da Covid-19 chegou a Sergipe, uma boa notícia traz alento à população que vive amedrontada com a grande proliferação da doença nos últimos meses. Enfim, os especialistas apontam para uma queda na curva de infectados. A notícia positiva foi transmitida ao Governo do Estado através de pesquisadores de 11 universidades que vêm realizando estudos e ampla testagem na população. Segundo o representante do Comitê Científico da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Lysandro Borges, o decréscimo desta curva é uma realidade. “Nós constatamos um decréscimo na curva. Lembrando que a força tarefa Covid-19 da Universidade Federal de Sergipe é um conglomerado de 11 universidades. Concluímos o estudo neste domingo e disponibilizamos ao Governo do Estado, já que fazemos parte do Comitê científico, esta projeção da Covid no Estado.

A gente consegue ver nitidamente que no início da pandemia a gente tinha anticorpos da fase aguda em grande quantidade. Depois em maio, junho, nós tínhamos 50% a 50%, metade fase aguda e outra metade recuperado, e agora estamos vendo 70% dos exames pacientes recuperados”, afirmou o especialista. Apesar da informação positiva, o professor apontou algo que deve servir de alerta à população e aos gestores, principalmente no tocante à disponibilização de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “No estudo que a gente concluiu ontem, antes de junho das pessoas que tinham Covid no Estado de Sergipe, 41% necessitavam de UTI. Isso aumentou. Hoje, 50% das pessoas que têm Covid com sintomas, necessitam de UTI.

As pessoas não estão procurando imediatamente a ajuda médica, estão agravando em casa e quando vêem a falta de ar chegando, aquela febre, a dor no corpo, procuram ajuda. Um dos avanços que a gente descobriu nessa pandemia é que quanto mais precoce o paciente procurar ajuda, mais chances de ele não se agravar e se salvar”, alerta Lysandro. Outro avanço apontado pelo pesquisador diz respeito à pronação, que é o ato de virar o paciente de bruços, sem contar o uso de anticoagulante no tratamento. “Para se ter ideia, a pronação, pacientes em UTI que são virados de bruço, você salva ele em 60%. Você melhora a oxigenação pulmonar e salva vidas. Mas, a gente aprendeu com o andar da carruagem. Às vezes, ele nem precisa ser entubado. O uso do anticoagulante. Mas com a descoberta de uma pesquisadora da USP apontou o problema de coagulação. Isso melhorou a sobrevida do paciente”, ressalta o representante do Comitê da UFS.

Sobre os medicamentos utilizados no tratamento da Covid-19, Lysandro revela o que é mito e o que é verdade. “O único medicamento que até hoje pode se dizer que está funcionando, está diminuindo a mortalidade é o remdesivir. Ele foi aprovado nos Estados Unidos, utilizado primeiramente com o Ebola e está tendo resultados muito bons para a Covid. Só que o problema dele é o preço, a ampola dele custa R$ 17 mil e não tem no Brasil.

Ivermectina, cloroquina, hidroxicloroquina e a nitazoxanida, que é a Annita, não têm efeito”, esclarece o doutor. Por último, o especialista reforça a necessidade de se manter os cuidados com o vírus, uma vez que a pandemia ainda existe e uma vacina não foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Embora a gente já tenha passado pelo pico dos óbitos, a pandemia continua. Os casos continuam aparecendo, os óbitos continuam surgindo e é hora de mostrarmos a realidade em que nos encontramos. É necessário o uso da máscara o tempo todo, a lavagem das mãos, o álcool em gel, todas as medidas que nós já estamos acostumados”, finaliza Lysandro Borges.