22/10/2020 as 11:10

COVID-19

Recuperados alertam para a necessidade de adotar medidas de biossegurança

Pandemia ainda existe e exige proteção com uso de máscaras, álcool gel e distancimento social

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Os números de casos registrados do novo coronavírus estão em estabilidade em Aracaju, porém, ainda assim, é fundamental compreender que a pandemia não está encerrada e os cuidados de biossegurança precisam continuar a ser praticados. É esta a posição dos epidemiologistas, mas, também o alerta expressado por quem desenvolveu a síndrome respiratória e a superou.


É o caso do taxista Adelço Gomes da Silva, 70 anos, morador do bairro Coqueiral, zona Norte de Aracaju. Durante uma corrida ele se sentiu tonto e foi levado ao Hospital Municipal Nestor Piva. Lá, foi examinado por um médico e testado para o novo coronavírus.

Uma vez que o resultado deu positivo, Adelço foi transferido para o hospital de campanha que estava montado no estádio João Hora. “Fiquei 13 dias internado. Para falar a verdade, fui tratado muito bem, tinha toda assistência, mas a gente fica com medo, não é?”, relata.

O período difícil o fez refletir sobre ser mais cuidadoso. “A internação foi em junho, mas até agora ainda não saí de casa. Pretendo voltar a trabalhar no próximo mês, porque tenho muitos gastos, mas vou tomar todo cuidado, usar máscara em todo lugar. E esse é o meu conselho para todo mundo”, diz.

A revendedora de cosméticos Gilene dos Santos, 64 anos, viveu processo semelhante. Após alguns dias com diarréia, debilitada, deu entrada na emergência do Nestor Piva. Seu teste também deu positivo, o que a levou a ser transferida para o hospital de campanha, onde foi tratada por dez dias.

“Eu tive toda ajuda, mas o medo fica com a gente desde os primeiros sintomas, porque é um problema muito sério. Saí do hospital no dia 8 de julho e ainda hoje me sinto cansada, com dores nas pernas e braços. Agora eu não saio para lugar nenhum. Eu falo sempre que eu vi muito jovem internado, até que entrou junto comigo e morreu, por isso fico preocupada de ver tanta gente nas praias e no Centro, sem máscara. Só quem já passou pela doença sabe o que é”, conta.

O caso da moradora do bairro São Conrado, zona Sul da capital, Eliene Santos, foi ainda mais grave. No começo teve dor de cabeça e febre, mas acreditava ser uma inflamação na garganta, o que a fez se auto medicar em casa, por dez dias, até que sua situação piorasse.

Quando começou a sentir cansaço procurou a emergência do Nestor Piva, quando foi testada, recebeu o diagnóstico positivo e foi transferida para o hospital de campanha. “Fui muito bem atendida, mas tive uma crise de ansiedade, porque achei que ia morrer. Estava com febre alta, falta de ar, algo desesperador. Cheguei a ir para a ala vermelha, colocaram os aparelhos em mim. Fiquei quatro dias sem dormir, mas o médico me ajudou, tomei medicação e fui melhorando”, relembra.

Os cuidados que recebeu salvaram sua vida e a ensinaram uma grande lição, que ela busca repassar. “Eu digo que renasci, pelo o que eu passei. Tive uma segunda chance, por isso só tenho a agradecer a toda a equipe que me atendeu. Não esperava voltar para casa, mas deu tudo certo. Agora, quando eu converso com as pessoas, eu digo que elas não facilitem, não acreditem que a doença só vai pegar nos outros”, alerta.

O novo coronavírus atingiu de maneira intensa a família da auxiliar de serviços gerais, Maria Denise Marques. Embora ela tenha tido sintomas leves, acabou por perder uma prima e viu um tia e sua mãe ficarem em estado grave. “A minha mãe foi tratada no hospital de campanha. Como ela tem problema de visão, nós da família ficamos muito preocupados. Imagina estar internada, sem poder receber visita, e nem saber qual o lugar. Mas consegui ajuda e falava com ela pelo telefone, o que ajudou muito. Ela ficou 14 dias internada”, conta.

Por causa de tudo que passou nos últimos meses, ver o desrespeito às medidas de biossegurança tem a deixado entristecida. “As pessoas não estão tomando cuidado, formando aglomerações em todo lugar. Muita gente sem usar a máscara. Isso é desrespeitoso com quem sofreu com a doença. É preciso se proteger e proteger os outros. Uso do álcool para as mãos e a proteção no rosto é indispensável”, avisa.  

||Fotos: Sergio Silva e André Moreira