03/11/2020 as 12:01

DADOS

Em 2020, 391 crianças já nasceram com sífilis em Sergipe

No ano de 2016, o Estado registrou 308 casos da doença em recém-nascidos

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No dia 17 de outubro foi comemorado o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita. A data foi instituída por meio da lei nº 13.430/2.017, com o objetivo de estimular a participação dos profissionais e gestores de saúde na intensificação de atividades, com vistas a enfatizar a importância do diagnóstico e do tratamento adequados da sífilis, principalmente na gestante durante o pré-natal.

Apesar da data, mesmo se tratando de uma doença com possibilidade de cura e que pode ser prevenida, principalmente em gestantes e crianças, ainda assim os números de casos são alarmantes e preocupam autoridades da área de Saúde. Para se ter ideia da situação, em Sergipe, de janeiro a setembro deste ano, 391 crianças nasceram com sífilis. No ano de 2016, o Estado registrou 308 casos da doença em recém-nascidos.

Já em 2017 nasceram 318 crianças com a doença. Em 2018, foram 330 e em 2019, 484 crianças foram diagnosticadas. Para o infectologista Almir Santana, referência técnica para Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), da Secretaria de Estado da Saúde (SES), a pandemia da Covid-19 deve ser responsável pela elevação de casos de sífilis em bebês até o fim deste ano. “Hoje, a sífilis é um dos maiores problemas de Saúde Pública, principalmente por causa da questão da sífilis congênita. Sergipe tem apresentado uma média de mais de 300 crianças nascendo com sífilis por ano. Esse ano, devido à pandemia, a situação tende a piorar. Tivemos até setembro 391 crianças que nasceram com sífilis, provavelmente nós vamos ultrapassar 400 crianças, indicando que teremos o maior número de crianças com sífilis da história de Sergipe”, avalia o médico. Segundo levantamento feito pela SES, de 2016 para cá quase 1,5 mil bebês nasceram com sífilis em Sergipe. Os municípios com maior registro absoluto de casos de sífilis em crianças e em gestantes são: Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Estância, Lagarto, São Cristóvão, Itabaiana e Barra dos Coqueiros.

A taxa de detecção da sífilis congênita é também preocupante em municípios menores como Arauá, Feira Nova, Santa Rosa de Lima, Riachuelo, Rosário do Catete, Divina Pastora, Pirambu e Santo Amaro das Brotas. O médico Almir Santana chama atenção para possíveis falhas no pré-natal que podem reverter esse quadro. Além disso, o infectologista ressalta a importância sobre o uso do preservativo em relações sexuais com mulheres grávidas. “Tudo isso está ocorrendo porque estamos detectando algumas falhas no pré-natal, por exemplo, a mulher está grávida e só descobre que está com sífilis na hora de ter o bebê na maternidade. Isso mostra que o pré-natal está tardio, está falhando. Nós precisamos melhorar esse pré-natal. A gestante tem que fazer, no mínimo, três exames durante a gravidez e se descobrir que está com sífilis, fazer o tratamento imediato dela e do parceiro.

Outra recomendação é que o casal use camisinha durante as relações sexuais enquanto ela estiver grávida. É muito importante a camisinha durante as relações para proteger o bebê de forma indireta”, finaliza Almir Santana. A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST), considerada um problema de saúde pública, e que, apesar de ter apresentado diminuição dos casos da doença em quase todo o país no último ano, os números continuam preocupantes. Além disso, o Ministério da Saúde atua permanentemente na disseminação de informação estratégica aos gestores, auxiliando a tomada de decisão.