10/02/2021 as 10:47

COVID-19

Tratamento: CRF/SE quer coibir propagandas enganosas

O aumento foi ainda maior no caso da Ivermectina (vermífugo), atingindo 557,26%

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Preocupado com o número de vendas exorbitantes dos medicamentos apontados como prevenção contra a Covid-19 no último ano e seu uso indiscriminado, o Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/ SE) oficializou a Coordenadoria Estadual Proteção e Defesa do Consumidor e o Programa Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Aracaju) visando inibir o comércio inadequado de medicamentos comercializados para o tratamento da Covid-19. “A nossa iniciativa é mover uma ação conjunta na tentativa de inibir esta associação de venda, destes medicamentos para prevenção de Covid-19”, explica a diretora do CRF/SE, Larissa Carvalho, apontando para a necessidade de alertar a população sobre as propagandas enganosas.

Esta é uma das ações do CRF/SE para alertar novamente a população sobre a ineficácia e os riscos do uso indiscriminado das composições. Além de divulgar informações científicas sobre os medicamentos, notificar os Procon(s), o conselho solicitou ao setor varejista os números de venda destes medicamentos no Estado, até o momento sem sucesso.

Dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF) mostram que as vendas da Hidroxicloroquina (antimalário) mais que dobraram, passando de 963 mil em 2019 para dois milhões de unidades em 2020 em todo o país. O aumento foi ainda maior no caso da Ivermectina (vermífugo), atingindo 557,26%. Além destes dois, outro medicamento que também teve altas expressivas nas vendas foi o Nitazoxanida (antiparasitário). O motivo é a crença de que esses medicamentos previnam ou curem os pacientes da Covid-19. Larissa Carvalho ressalta o risco de se tomar medicamento sem indicação e reforça que até o momento não houve comprovação científica da eficácia destes três medicamentos para a doença. “Todo medicamento é passível de provocar reações adversas, que podem vir pelo uso dele ou pelo seu tratamento. E quando falamos de um medicamento que não é adequado para aquela condição que o paciente tem, neste caso a Covid-19, o risco é que além de não conseguir o resultado esperado, pode provocar um quadro de intoxicação ou outras reações”, diz. Eficácia.

Depois de várias pesquisas e também da própria fabricante da Ivermectina (a Merck) afirmar publicamente que não há evidências que recomendem o uso da droga no tratamento da Covid-19, as indicações de boca em boca por um “tratamento precoce” contra a doença permanecem. “Tanto a Hidroxicloroquina, a Ivermectina e a Nitazoxanida precisam de prescrição médica para serem vendidas. Inclusive a Hidroxicloroquina no início da pandemia passou a ser medicamento sujeito a controle especial, o famoso medicamento controlado. Isso foi modificado para que não ocorresse uso descontrolado”, lembra Larissa.

O CRF/SE já se posicionou anteriormente reafirmando sua defesa da assistência à saúde baseada em evidências. Inclusive lembra que farmacêuticos têm obrigação ética e legal de promover o uso racional de medicamentos. “Reconhecemos a autonomia dos médicos na prescrição off label (uso de drogas farmacêuticas que não seguem as indicações homologadas para aquele fármaco), mas reiteramos a responsabilidade técnica dos farmacêuticos na dispensação. Para isto, existe um protocolo onde o paciente deve estar ciente que está fazendo uso de uma prescrição off label, que pode apresentar as reações colaterais e que não existe confirmação de que o tratamento tenha eficácia”, explica a diretora Larissa Carvalho, acrescentando que também deve haver a assinatura do termo de ciência e consentimento entre o médico e o paciente.