23/11/2022 as 15:08

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SES promove discussão sobre acolhimento à vítima de violência sexual

O evento foi ministrado pela médica ginecologista, Patrícia Chaves de Oliveira Aragão

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Com objetivo de acolher e garantir o atendimento às crianças e adolescentes em situação de violência sexual de forma humanizada aconteceu no auditório da Secretaria do Estado de Saúde (SES), a palestra “ Violência Sexual: Orientações Para Profissionais da Saúde’’, organizado pelo CRAI/ Sergipe – Centro de Referência no Atendimento Infanto – Juvenil, anexo da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL).

Referência no atendimento às vítimas de violência sexual, a MNSL, tem como objetivo acolher e tratar as pessoas que sofrem esse tipo de agressão. O evento foi ministrado pela médica ginecologista, Patrícia Chaves de Oliveira Aragão, para médicos, enfermeiros e residentes. Participaram 90 profissionais de saúde.

A superintendente da MNSL, Lourivânia Prado, explicou que com o novo fluxograma de atendimento a crianças e adolescentes, principalmente de vítimas de violência sexual o atendimento passa a ser ainda melhor “Enquanto serviço novo é pteciso pactuar e divulgar, trocar experiencia, capacitando todos os profissionais que atendem em portas de urgência. Nesse momento, iniciamos com os profissionais que atuam internamente na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, que dão os médicos, enfermeiros, residentes em pediatria, residentes em obstetrícia para fazerem esse primeiro contato de conhecimento, identificar vítimas, quais são os cuidados, as atribuições e ainda na questão de saúde e proteção”, disse.

A proposta do evento foi fazer com que os profissionais de saúde conheçam o passo a passo do atendimento às pessoas em situação de violência sexual. “Há servidores novos na unidade que não conhecem esse cuidado, esse tratamento humanizado”, disse Lourivânia.

A médica, Patrícia Chaves, explicou como os profissionais de saúde devem agir diante dos casos de violência. “Em primeiro lugar, o que sempre falamos é sobre o atendimento humanizado. A vítima vem geralmente com violência crônica e por muitas vezes tem vergonha de falar. Se sente culpada pela situação de violência e o profissional tem que ter habilidade no tratar com essa vítima, ter cuidado, tentar descobrir os riscos que essa vitima passou de adquirir, como algum tipo de IST ?s. No serviço de atendimento às vítimas de violência sexual, geralmente, ela vem junto com a violência psicológica e pode vir também acompanhada de uma violência física. O atendimento tem que ser humanizado, individualizado e prolongado. Temos que respeitar o momento da vítima, que muitas vezes chega e não quer contar o ocorrido. Temos que adquirir a confiança da vítima para colher a história”, observou Patrícia.

A médica informou ainda que, quando a vítima chega na instituição, é atendida pelo enfermeiro que trabalha na classificação de risco, que acolhe e coloca todos em uma sala com privacidade para escutar o histórico, se for necessário. O atendimento da psicóloga é imediato. As vítimas são 90% do sexo feminino e 80% menor de idade. O abuso e o estupro são os tipos de violências mais comuns.

“Hoje o estupro engloba tudo, não só a penetração. Um ato libidinoso é considerado estupro. Forçar uma pessoa a beijar já é um abuso. A violência sexual é caracterizada como todo ato não permitido ou que mesmo consentido, a pessoa não tenha idade para decidir”, ressaltou. Ela atenta que essa é uma ação que obriga o indivíduo a manter contato físico e verbal, ou a participar de outras relações sexuais pelo uso da força, intimidação, chantagem, suborno, manipulação ou ameaça. A médica atentou que qualquer mecanismo que limite a vontade pessoal e seja abusivo.

“No momento em que os casos chegam até a maternidade, os especialistas se preocupam em manter um diálogo franco com os pacientes. “O procedimento é essencial para que a vítima se sinta à vontade ao relatar os fatos. Após o preenchimento dos prontuários, são solicitados exames laboratoriais que indicarão se a vítima adquiriu alguma doença infectocontagiosa ou gravidez. “O acompanhamento médico é realizado em cerca de seis meses e a consulta psicológica é feita até quando a pessoa precisar”, explicou Patrícia Chaves.

“Tudo na vida temos que fazer por amor e trabalhar com violência sexual mais ainda, porque o paciente chega com a auto estima baixa, se sentindo péssimo, se sentindo sujo, querendo tomar banho toda hora, se sentindo culpado, achando que vai acabar com a união da família. Muitas vezes é o abusador quem dá o suporte financeiro da casa e poderá ser preso. A função do profissional de saúde é resgatar, ajudar para que a pessoa melhore sua autoestima, oferecendo uma melhor qualidade de atendimento a ela”, concluiu.

A residente em ginecologia obstetrícia, Clara Simoni de Souza Santos, disse que a palestra foi muito importante. “Pudemos saber mais sobre como funciona o fluxo de atendimento aos pacientes que são vítimas de violência sexual, saber como funciona no Estado, as medicações, o atendimento. Principalmente ter essa noção de como os profissionais vivenciam isso no dia a dia. Foi impactante para quem vivencia ver imagens de lesões, ouvir histórias. Tudo isso é muito enriquecedor para nós, quanto profissional e também quanto ser humano”, declarou.

Empatia
A psiquiatra, Ana Salmeron, disse que a palestra foi muito útil, porque “embora esse tipo de atenção e atendimento já existisse, hoje os fluxos estão mudando, ampliando e pedem cuidados maiores e preparo adequado”, atentou.

O Residente de pediatria Osmário Mendes, disse que esse é um assunto essencial. “Temos visto cada vez mais nas urgências o aumento dos casos, número de abusos. É essencial saber esse manejo, o novo fluxo para saber dar o atendimento adequado para crianças e adolescentes”, destacou.

Para a médica residente Camila Nogueira Cavalcanti, o evento foi de extrema importância, “Às vezes estamos inseridos em outro contexto. Outra realidade. Quando nós deparamos com vítimas de violência e percebemos o quanto elas estão suscetíveis a esse tipo de situação, percebemos como podemos amenizar e ser peça fundamental nesse momento, de uma forma mais amena, ouvindo essas pessoas com atenção, para que possamos tratar e ter empatia por esse paciente”, assegurou.

O médico obstetra Mauro Muniz Bezerra, disse que esse é o início de uma grande mudança no sistema de saúde, nos fluxos dentro da rede. “Acho que tem tudo para dar certo, vai descentralizar a assistência à violência sexual”, concluiu o médico.

DENUNCIE
180 – Central de Atendimento à Mulher
181 – Disque Denúncia Polícia Civil
190 – Polícia Militar de Sergipe

AJUDA
Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL): (79) 3225-8679
Delegacia Especial de Atendimento a Mulher de Aracaju: (79) 3205-9400
Delegacia Especial de Grupos Vulneráveis de Lagarto: (79) 3631-3150
Delegacia Especial de Grupos Vulneráveis de Itabaiana: (79) 3431-8513
Delegacia Especial de Grupos Vulneráveis de Nossa Senhora de Socorro: (79) 3256-4001
Delegacia Especial de Grupos Vulneráveis de Estância: (79) 3522-0277
Defensoria Pública do Estado de Sergipe: (79) 3205-3726

 

Fonte: SES