14/04/2025 as 12:15

DENUNCIA

Fiscalização denuncia superlotação e médicos sobrecarregados em Lagarto

Sindimed, CRM-SE e MPF encontraram problemas durante visita técnica

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Fiscalização denuncia superlotação e médicos sobrecarregados em Lagarto

Em mais uma ação coordenada em defesa da medicina e da dignidade no atendimento à população sergipana, o Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed), o Conselho Regional de Medicina (CRM-SE) e o Ministério Público Federal (MPF) realizaram, na manhã de sexta-feira, 11, uma fiscalização no Hospital Regional Monsenhor João Batista de Carvalho Daltro, localizado no município de Lagarto e administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A visita técnica faz parte de uma série de inspeções que vêm sendo intensificadas em todo o estado. Recentemente, o Sindimed e o CRM estiveram no Hospital e Maternidade Regional José Franco Sobrinho, em Nossa Senhora do Socorro, e na Maternidade Municipal Lourdes Nogueira, no bairro 17 de Março, em Aracaju, onde foram encontradas falhas na estrutura e no atendimento à população. As constatações mostram precariedade das condições de trabalho dos profissionais da saúde e, segundo as entidades, violação ao direito dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) a um atendimento digno.

Mais do que visitas protocolares, as fiscalizações, de acordo com o presidente do Sindimed, Helton Monteiro, são pautadas pela responsabilidade técnica e institucional, baseadas em denúncias e conduzidas com o devido rigor profissional. “Essas visitas são acompanhadas por fiscais concursados, habilitados e com expertise para esse tipo de atuação”, destacou. A realidade encontrada no Hospital Regional de Lagarto é alarmante. Segundo o presidente do CRM-SE, Jilvan Pinto Monteiro, a superlotação compromete seriamente a qualidade da assistência prestada. “Todos os corredores da urgência estão cheios de leitos e macas com pacientes, inclusive avançando para áreas de internamento, também sem vagas. E a quantidade de médicos na porta é absolutamente insuficiente para dar conta dessa demanda”, afirmou o presidente do CRM.

Durante a vistoria, outro ponto crítico foi observado pelo coordenador de fiscalização do CRM, Alexandre Pereira. A estrutura de atendimento do pronto-socorro, segundo ele, é insuficiente frente à demanda diária, gerando um cenário de esgotamento profissional. “Durante a fiscalização, encontramos apenas três médicos clínicos responsáveis por atender todo o eixo crítico e também a demanda espontânea. Apenas um consultório médico estava funcionando. Esse mesmo profissional tem que atender os novos pacientes, reavaliar os casos em andamento e ainda responder pelas intercorrências nas enfermarias. Isso é desumano e inviável“, apontou.

O procurador da República, Igor Miranda, reforçou a presença do Ministério Público Federal nas fiscalizações como forma de assegurar que os apontamentos técnicos das entidades médicas resultem em ações efetivas por parte das autoridades gestoras. “Essa ação é de fundamental importância, pois representa a presença de uma equipe técnica qualificada, composta por médicos legitimados para esse papel. Isso possibilita ao Ministério Público Federal um suporte essencial para compreender, com precisão, o que realmente está irregular no funcionamento da unidade, identificar o que pode ser aprimorado e apontar caminhos possíveis para a resolução dos problemas”, relatou o procurador.