27/12/2021 as 10:59

ENTREVISTA

TB Entrevista - J. Victor Fernandes

Ativista das causas coletivas e sociais, militante da poesia e nosso entrevistado na edição natalina, João faz do ofício ponte para o mundo melhor

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TB Entrevista  - J. Victor Fernandes

João Victor de Azevedo Fernandes é sergipano. Trata-se do talentoso J. Victor Fernandes dos poemas, das declamações eloquentes nos saraus da capital e do Brasil. ‘JV’ para os que o conhecem dos tempos da escola. João simplesmente, sobretudo o poeta dos versos transtornados. Escritor, compositor, produtor cultural especialista em eventos multiculturais, ele garimpa e articula intenções e energias, cria oportunidades e conduz emoções. Ativista das causas coletivas e sociais, militante da poesia e nosso entrevistado na edição natalina, João faz do ofício ponte para o mundo melhor, menos desigual e assim, com muito mais arte e artistas.   

TB - Aonde ... quando, de que forma começa sua escrita autoral?  

João Victor - Começa na manifestação orgânica do meu existir. Escrevo desde muito criança. Percebia se tratar de uma forma de assimilar o mundo, as experiências, a alegria, o amor, o desamor, a dor, a ansiedade, a frustração com a política, com a estrutura violenta que nos ofertam para viver. 

TB - Quando a voz de J. Victor Fernandes transcende suas palavras, interfere... e faz refletir?

JV - Nasce com a percepção da poesia de todas as coisas. A poesia do envolvimento, movimento que gera movimento. Eu tinha consciência de que a poesia era minha forma de recepcionar o mundo, mas a militância poética mudou tudo - sair dos lugares comuns, das bolhas, das zonas de conforto, atento às armadilhas dos privilégios e ciente deles. E assim entender a poesia como parte de um coletivo, recorte de um fluxo maior, sob meu interpretar, praticar o potencial transformador da poesia. Neste momento a arte é pulmão, seiva, fortalece e salva. 

TB - Quanto do menino João ainda habita suas palavras?

JV - Busco e me reencontro na inteireza do menino - talvez um pouco mais sábio. Ando de mãos dadas com ele. 

TB - Poesia para João é ...?

JV - Surge como necessidade, é necessidade. Poesia sensível percebe, é perspicaz para cutucar e humilde, despe-se na empatia do verso. Poesia útil alimenta apenas o ego, não é caminho. 

TB - Em que momento o produtor cultural, o poeta e o ativista se encontram dentro de você?

JV - Eles caminham juntos e creem nos mesmos ideais, se complementam para comunicar o anseio e o sonho. São rios que correm para o mar. 

TB - Quais são os temas centrais do seu fazer artístico que dão a densidade e identidade ao seu livro?

JV - Quando concebi o livro, em 2018, fiz um apanhado de todos os anos de produção escrita e oral e reuni a coletânea da obra. Os temas são o amor/desamor, a saudade, os prazeres e temas políticos, metafísicos, existências. Fecha-se um ciclo de oito anos do projeto multimídia Transtorno Poético, com mais de mil publicações, mais de trezentas intervenções poéticas e textos que circularam o mundo - pude defender minha poesia em vários lugares. 

TB – No momento certo, o livro ‘Transtorno Poético’ deflagra o direito de pensar e acrescenta significados, enquanto floresce o talento do seu autor.

JV - Foi um “filho” pensado e feito com amor, no tempo da maturidade, com prefácio da amiga e escritora Fátima Basto, posfácio do também amigo e escritor Djenal Gonçalves Filho, cercado por profissionais que confio, como Luca Piñeyro, Gabi Etinger, Alex Cordeiro. O lançamento aconteceu no Centro Cultural de Aracaju, com fila para adquirir o livro autografado e o sarau com grandes nomes da arte sergipana, numa energia surpreendente. Foi celebrado pela crítica local e deve ter a segunda edição em breve. 

TB – Emoção do lançamento e planos de J. Victor Fernandes...

JV - O lançamento foi dia 7 deste mês e posso dizer que se aquele dia fosse um filme, teria o final feliz. Sem dúvida, um daqueles momentos para rememorar o resto dos meus dias, guardo a imagem de estar rodeado por pessoas que me inspiram, amigos, familiares, leitores ... pessoas que aguardavam meu livro vir ao mundo. Mas sigo lançando, ao que parece havia a sensação de fechamento de ciclo, mas se abriu outro – vida, morte e renascimento. Tem sido intensa a interação com o leitor com o livro em mãos, novas demandas. Venho vivendo esses momentos com gratidão, respeito, compromisso, pés no chão e prazer por estar vivo e comunicando minha existência. Me preparo para lançar o livro em outras cidades do Brasil e estou finalizando uma peça de crônicas. Obrigado.