13/03/2023 as 10:10

ENTREVISTA

TB Entrevista Thiarlley Valadares

Em tempos em que a representatividade é um tema cada vez mais importante, a autora se aprofunda na discussão sobre como as mulheres negras são retratadas na literatura

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Vamos bater um papo com a jornalista, escritora e digital influencer Thiarlley Valadares que tem uma novidade quentíssima para compartilhar com vocês! Natural da cidade de Tobias Barreto e perto de completar 28 primaveras no próximo dia 30 de março, Thiarlley tem três obras já publicadas e decidiu se aventurar no gênero não-ficção com a obra “Mulheres Negras e Literatura: representatividade, estereótipos e protagonismo”. Em tempos em que a representatividade é um tema cada vez mais importante, a autora se aprofunda na discussão sobre como as mulheres negras são retratadas na literatura. Conheça um pouco dessa obra que, tenho certeza, será um sucesso absoluto!

THAÏS BEZERRA - Antes de tudo, me conta: quem é Thiarlley Valadares?
Thiarlley Valadares - Sou sergipana e uma contadora de histórias. Comecei a escrever aos 15 anos e depois não parei mais! Sou jornalista, escritora, tenho especialização em Comunicação na Pós-Modernidade e em História e Cultura Afrobrasileira.

TB - Como nasceu o livro ‘Mulheres Negras e Literatura’?
TV - Em 2021, cursei a minha segunda especialização, em História e Cultura Afrobrasileira. Durante o período que estudei, a falta de personagens negros nos livros considerados famosos passou a ser muito mais impactante pra mim, principalmente se tratando de mulheres. Comecei a pensar: como a mulher negra é representada na literatura? Quais são as narrativas que as envolvem enquanto protagonistas de uma história? Este livro nasceu como o Trabalho de Conclusão de Curso da pós, mas percebi que guardar este trabalho dentre os diversos documentos estudados parecia injusto. Então decidi publicar.

TB - Que incrível! E por que preferiu publicar como livro e não como um trabalho acadêmico?
TV - A Academia é fundamental e necessária, mas eu queria que o assunto alcançasse leitores, pessoas que consomem livros de todos os gêneros, mas principalmente, romance. Queria que essas pessoas tivessem os mesmos questionamentos que eu. Publicar como um artigo científico seria ótimo, mas eu precisava que fosse um livro que chegasse em todos os públicos e, principalmente, para todas as mulheres.

TB - O que difere essa obra dos seus livros já lançados?
TV - Mulheres negras são prioridade nas minhas narrativas, logo, questões como amor, racismo, relações interraciais, solidão e machismo de modo mais sutil já apareceram nos meus livros. Tenho romances, como ‘O Bom Soldado’ e ‘Amor em Lugares Fechados’, este segundo dedicado ao público adolescente, como tenho também contos e crônicas que tratam sobre ser uma mulher negra. Desta vez, chegou a hora de falar sobre de forma direta, abordar o problema pelo nome.

TB - Quais foram as suas referências para este livro?
TV - Sendo fiel ao nome e à proposta, o livro traz apenas mulheres negras como referência. Nomes brasileiros como Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus e Djamila Ribeiro são citados, assim como a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e a americana Toni Morrison também compõem essa obra.

TB - Notei que você dedicou um capítulo com orientações para escritores, qual foi a razão?
TV - Como eu estou sempre falando sobre e indicando livros acerca do tema representatividade, é comum que escritores iniciantes me procurem perguntando o que fazer ou não fazer. É importante entender que ninguém é obrigado a nada, a literatura é um lugar com liberdade de criação. No entanto, é preciso compreender quais são as consequências, boas ou ruins, de se ter um livro com ou sem representatividade. Por isso, o capítulo voltado para escritores, com base na minha experiência, seja como autora, seja como leitora.

TB - E como você resumiria essa sua experiência como escritora?
TV - Também dediquei um capítulo do livro sobre isso, pois acredito que para entender a forma como escrevemos, primeiro é preciso entender quem somos, quais foram e quais são as nossas referências, em todos os âmbitos. Eu comecei a escrever buscando me enxergar, ter personagens parecidas comigo. A partir daí, as minhas referências passaram a ser uma busca dessa semelhança, dessa arte que pudesse imitar a vida de uma pessoa como eu, fosse na aparência, fosse na vivência. Mas sei que ainda tenho muito o que aprender. Acredito que, como escritora, preciso entender que estou em contínuo processo de aprendizado e em busca de referências.

TB - Fiquei apaixonada pela capa! Quem foi o ou a artista?
TV - A sergipana Lara Correia é a responsável por essa capa linda que eu também amei demais! É a segunda vez que trabalhamos no mesmo projeto, ela também é a responsável pela capa de ‘Amor em Lugares Fechados’, obra de ficção voltada ao público adolescente. Para acompanhar o trabalho dela é só buscar @laryncc no Instagram. Espero continuar com essa parceria que, desde 2021, tem se tornado em uma ótima amizade!

TB - Quais os seus outros livros?
TV - Sou uma autora de romances! ‘O Bom Soldado’, lançado em 2020, é um romance entre uma brasileira e um soldado americano durante a Segunda Guerra Mundial, meus leitores costumam chorar e me ameaçar. (Risos) ‘Apenas Fugindo: o livro’, lançado em 2021, é uma coletânea de contos e crônicas publicados no meu blog, de mesmo nome, e alguns textos inéditos. E ‘Amor em lugares fechados’, também de 2021, o meu xodozinho, é um romance leve, divertido e direcionado ao público juvenil.

TB - Quais serão os seus próximos passos?
TV - Ah, tem mais um livro ainda em 2023! Tenho uma obra na gaveta que comecei a escrever em 2016 e que está em fases finais de revisão. Trabalhei muito nessa história e não vejo a hora de trazê-la para o público.

TB - Mas e aí, onde podemos comprar ‘Mulheres Negras e Literatura’?
TV - Este é um livro 100% digital e o e-book está disponível na loja Kindle. Para aqueles que não possuem o e-reader, o aparelho para leitura de books, é só baixar o aplicativo e comprar o livro por lá.