08/02/2020 as 11:01

DIVERSÃO E LAZER

Trilha ecológica é opção de aventura neste verão

Estar em contato direto com a natureza é um dos principais atrativos

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Dias de sol, típicos da estação, são especiais para a realização de uma prática que tem conseguido cada vez mais adeptos em Sergipe: a trilha ecológica. A prática esportiva, normalmente executada em áreas de preservação permanente (APP), possibilita aos aventureiros uma total interação com o ecossistema, com foco na reflexão da conservação ambiental.

Em Sergipe, de acordo com a Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), reservas como a Grota do Angico, em Poço Redondo, e as serras de Itabaiana e da Miaba, ambas localizadas no Domo de Itabaiana – que é um complexo montanhoso no Agreste do Estado –, são excelentes opções para a atividade.

A relações públicas Charlene Santos é um dessas apaixonadas pelo esporte. Para ela, ficar em contato direto com as pessoas, longe do telefone e do Whatsapp, é indescritível. "É uma delícia. Não tem como descrever a real sensação de se fazer trilha", conta.

Ela ainda acrescenta que não se limitou às trilhas sergipanas e já participou de excursões em outros estados. Aqui no estado fiz todas. Na Miaba, Serra de Itabaiana, Soboeiro, Lagoa Redonda, Cachoeira de Água Fria, Macambira, Pedras Araras. Mas também já fiz trilha em Morro de São Paulo e Chapada Diamantina, na Bahia, e em Delmiro Gouveia, Piranhas, Entremontes e Olhos d'Água do Casado, em Alagoas", revela.

“Amo banho de cachoeira, de rio. Então, quando você faz trilha e termina em ambientes assim, a sensação é de total rejuvenescimento", completa.

Opinião semelhante é a da publicitária Jéssica Lima. "Trilha relaxa, estar em contato com a natureza, com o som dos pássaros é especial demais. Sou mais adepta a fazer atividade ao ar livre, sentir o vento batendo no rosto, o cheiro das plantas me revigora".

A jovem já fez mais de dez trilhas, entre Sergipe e Bahia, e elege a Serra da Miaba como uma de suas favoritas. "Chegar ao topo da Miaba e avistar a natureza lá de cima, é inexplicável", afirma. 

Outro amante da prática é o jornalista Túlio Cajé. Primeiro, ele descobriu os paraísos sergipanos e, após as boas experiências, começou a desbravar outros cantos do país. “Comecei fazendo trilhas aqui mesmo em Sergipe, na Serra de Itabaiana e na Serra da Miaba. Sempre gostei do contato com a natureza, desde moleque, quando passava boa parte do tempo no sítio da família. Mas, após a trilha em Itabaiana, descobri que queria fazer outros caminhos. Foi quando surgiu a oportunidade de ir à Chapada Diamantina, que se tornou minha segunda casa. Sempre que posso, saio de Aracaju para Lençóis, uma das cidades mais conhecidas dessa região. Já fiz inúmeras trilhas por lá, como a do Vale no Pati, um trekking de quase 20 km. A sensação de fazer trilhas, mesmo as mais curtas, é sempre revigorante. O contato com a natureza é fundamental para a gente se desligar de nossos compromissos de rotina e simplesmente apreciar o silêncio”, relata.

São tantas trilhas ecológicas no currículo que, quando perguntando quantas já fez, ele diz ter perdido as contas. "Considerando que vou quatro vezes por ano para a Chapada desde 2014, além das que já tinha feitos algumas trilhas aqui. Então o número de trilhas é razoável. Não saberia te dizer quantas".

Além da questão esportiva, a trilha ecológica funciona, também, como mecanismo de conservação ambiental. Pois, de acordo com a ambientalista Elaine Alves, o contato direto com o ecossistema, desparta no praticante o desejo de proteger os biomas e, assim, manter os espaços para as próximas gerações. "Qualquer pessoa pode fazer trilha. Não há limitação de idade. Basta ter um bom condicionamento físico e disposição para encarar horas de caminhada e, em alguns casos, escaladas. É uma prática que muda a nossa forma de ver e estar no mundo e, por isso, é tão importante", garante.

Locais precisam de autorização

O que muitas pessoas não sabem é que, para se estabelecer locais para trilhas, os roteiros precisam passar pelo processo de licenciamento ambiental. Esse trabalho segue as normas predefinidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e, aqui em Sergipe, esse controle é feito pela Adema, como explica o diretor-presidente do órgão, Gilvan Dias.

“As trilhas ecológicas são, em sua maioria, unidades de conservação. Elas são geridas pelo Conselho de Gestão de acordo com cada área de preservação, a fim de fortalecer as políticas ambientais dentro desse reduto. Geralmente essas iniciativas são conduzidas pelo poder público, seja no âmbito municipal ou Estadual. Em geral a Superintendência Especial de Recursos Hídricos e Meio Ambiente é responsável pelo fluxo de desenvolvimento nesse assunto. Atualmente temos apenas uma área em licenciamento de trilha ecológica, que é da ‘Votorantim’. Essa área é de compensação ambiental, ou seja, é preciso ter um equilíbrio sobre as obras feitas no local. A Grota do Angico e outros tantos que nós temos na verdade são geridas por essas comissões”, explica.

Segundo ele, para se licenciar uma trilha, primeiramente, é preciso fazer uma consulta prévia na área solicitada para a rota. “Essa consulta deve ser atestada ou não, diante das alterações feitas pela equipe técnica: engenheiros florestais, técnicos, biólogos dentre outros profissionais que são os responsáveis por dar um retorno mediante a consulta. Se o documento atender todas as necessidades, eles passam para o conselho de autorização ambiental. A seguir, no pedido de autorização ambiental, a licença é deferida e serve de liberação para que haja a trilha”, detalha.

 Ainda dentro das predefinições exigidas pelo órgão, Dias informa que é necessário apresentar um projeto ao órgão. “É como se fosse um parque urbanístico, dentro dessa área pelo qual pretende fazer essa trilha, constando qual a ideia para a exploração do local e, diante disso, as equipes vão se debruçar se há condições ou não na área que deseja ser explorada. Além disso, deve ser feito o projeto paisagístico”, finaliza.

|Texto: John Santana/Equipe JC

||Fotos: Arquivos pessoais