28/05/2020 as 15:00

VIAJANTES

Durante quarentena, Fusconautas se reestruturam para voltar às estradas

Casal viajante conta sobre a decisão de voltar para casa em meio a pandemia do Covid-19

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Nas estradas da América do Sul desde março de 2019, o trio de aventureiros Carol, Cláudio e o Fusca Lindomar, foram surpreendidos com a pandemia de Coronavírus em março deste ano. Logo que souberam da situação, o primeiro sentimento foi de decepção por já terem percorrido um longo caminho (a aquela altura estavam com 1 ano e 1 mês de estrada)e ainda não terem conseguido chegar no primeiro grande destino, que era o Ushuaia, a última cidade no hemisfério sul do planeta, ou visto a Cordilheira dos Andes.

“Depois que pensamos melhor e aceitamos que a situação fugia completamente do nosso controle, foi mais fácil tomar a decisão de voltar para casa. A partir daí começamos a ver esse retorno precoce como uma oportunidade para descansar e nos estruturar ainda melhor para o que já estamos chamando de segunda etapa da viagem. Desistir do projeto nunca passou por nossa cabeça”, conta Carol Mendonça.

Sobre a logística da volta para casa, Carol revela que, quando o casal se deu conta de que a pandemia havia chegado a América do Sul e isso inviabilizaria a continuidade da expedição, eles estavam em um camping na cidade de Puerto Madryn na região da Patagônia, cerca de 1300 km ao Sul de Buenos Aires, nos preparativos para seguir viagem rumo Ushuaia.

“Era um domingo e o presidente da Argentina decretou o fechamento de todos os parques nacionais do país. Tomamos a decisão de voltar para Aracaju naquele mesmo dia, era 16 de março. Nenhuma escolha foi fácil, pois estávamos a mais de 2000 km da fronteira mais próxima com o Brasil. Depois de analisar bem todas as nossas opções decidimos dirigir com o fusca até Porto Alegre e de lá pegar um vôo até Aracaju. Fizemos uma pequena revisão no fusca, nos abastecemos de comida e no dia seguinte pegamos a estrada de volta para casa. Foram 2700 km percorridos de Puerto Madryn até Porto Alegre de fusca em quatro dias, uma quilometragem muito acima da que estávamos habituados a viajar em tão pouco tempo”.

Carol acrescenta que o casal enfrentou uma série de desafios pelo caminho, pois a Argentina tomou medidas de contenção  do vírus muito rapidamente. “No nosso segundo dia de viagem de retorno para casa, 18 de Março, o país já havia fechado todo o comercio não essencial, os hotéis, campings e espaços públicos. No terceiro dia, já não podíamos mais entrar nas cidades, apenas para abastecer o carro e éramos parados inúmeras vezes por barreiras policiais que nos perguntavam se estávamos com sintomas, caso estivéssemos seriamos encaminhados pra a quarentena obrigatória de 14 dias, como estávamos bem, eles apenas nos orientavam a seguir direto para a fronteira sem paradas desnecessárias. Cruzamos a fronteira com o Brasil no final do terceiro dia de viagem e a atmosfera mudou completamente. No lado brasileiro quase não havia indícios de que estávamos em uma pandemia, e isso nos assustou mais do que as rígidas medidas dos nossos vizinhos”, explica Carol, acrescentando que, da fronteira até Porto Alegre foram mais 700km, com o fusca a apresentando vários problemas.

“O tempo inteiro em que nos deslocamos tivemos que ser muito cuidadosos para não nos contaminar e nem oferecer risco para outras pessoas, principiante no trecho da viagem que fizemos de avião. Quando finalmente chegamos em Aracaju, no dia 20/05, cumprimos quarentena de 14 dias completamente isolados”.

Segundo Carol, durante a pandemia, o casal permanece trabalhando nas redes sociais (@fusconautas), ativamente. Através da internet, os Fusconautas inspiram e ajudam outras pessoas a tornarem seus sonhos de viagem, realidade. “Isso não para mesmo em meio a uma pandemia. Tivemos que readequar nosso conteúdo a realidade da auto quarentena em que estamos submetidos desde que voltamos para Aracaju, mas nos adaptamos bem ao novo formato. Tivemos que readequar nosso conteúdo a realidade da auto quarentena em que estamos submetidos desde que voltamos para Aracaju, mas nos adaptamos bem ao novo formato”, afirma.

Sobre os planos de retornar às estradas e continuar a expedição, Carol ressalta que o casal está se reestruturando financeiramente para quando as fronteiras reabrirem e for seguro voltar a viajar, eles estejam preparados para viver a segunda etapa da aventura. “A nossa proposta inicial era passar por 11 estados do Brasil e 8 países da América do Sul gravando um documentário, ela ainda esta de pé. Assim que possível retomaremos a expedição do ponto em que paramos”, conclui Carol Mendonça.

|Reportagem: Nayana Araujo/Equipe JC
|Fotos: Arquivo Pessoal