07/05/2021 as 08:52
ECONOMIAComitê sinaliza ainda nova alta de 0,75 ponto percentual para o próximo mês
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O Banco Central (BC) subiu os juros básicos da economia em 0,75 ponto percentual pela segunda vez consecutiva. E, por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic de 2,75% para 3,5% ao ano. O Banco Central indicou que deve elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual na próxima reunião, em 15 e 16 de junho. E, com a decisão a Selic continua em um ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada.
De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano, em março de 2018. O professor e economista, Neidázio Oliveira, explica que a taxa básica de juros é o que as instituições financeiras captam no Banco Central todo dia e colocam nos seus cofres para emprestar e para trabalhar, pois os bancos não tem dinheiro próprio.
Por exemplo, o Bradesco não tem dinheiro próprio sendo emprestado e transacionado. “Se o banco tem um milhão em caixa, aquele um milhão não é do banco, o dinheiro foi captado no Banco Central e a outra parte é a movimentação dos correntistas. Essa taxa de juros incide sobre esse valor que é pego no Banco Central todo dia de manhã, capta, bota no cofre, trabalha o dia todo e no final do dia devolve paro Banco Central e fica com o seu lucro. É nessa taxa de juros que o Governo remunera aos investidores em papéis do Governo como o LCD e CDI”, explica.
O economista lembra que antes esses juros eram 14%, muito elevado, um dos mais elevados do mundo. Então, o investidor internacional sentia- -se tentado pra poder investir no Brasil. Captava lá fora a 2% ao ano e botava no país a 14%, e depois pegava o dinheiro de volta, ficando com uma margem de 12%. “O governo começou baixar a taxa de juros chegando a 2% e isso desestimulou as pessoas que vivem de renda fixa. Obrigou essas pessoas tirarem esse dinheiro e botar na parte de produção. Só que veio a pandemia e prejudicou esses investimentos. E aí agora a falta de atratividade está fazendo com que os juros prejudiquem a economia”, disse.
E o papel do Comitê de Política Econômica é calibrar esses juros para poder ver qual é a situação do país. “A nossa situação atual é de uma perspectiva de aumento de inflação, e aumentando os juros, desvia o dinheiro que ia para o consumo para ir para o investimento e estimular a fazer investimentos em papéis do Governo, é mais atraente, mesmo assim está baixo, mas é muito mais atraente do que os 2%. Esse dinheiro saindo do consumo, indo para o investimento mantém um ímpeto de compra e diminui também a inflação. Esse é o objetivo do Banco Central, que tem entre os seus pilares, a sustentação da moeda, controle da inflação e a promoção da riqueza e do emprego”, citou.
Rabelo destacou ainda que o reflexo disso é um dinheiro mais caro quando for tomar dinheiro do cheque especial, no empréstimo, na compra de máquinas e equipamentos e capital de giro. “Vai ficar mais caro porque está mais caro. E isso tem um encarecimento do dinheiro, ou seja, juros que você paga pelo dinheiro, que antes era menor, agora vai ser maior. E aí, a pessoa faz uma compra com cartão de crédito, com cheque especial, já pensa duas vezes. A taxa de juros vai aumentar, então, eu não vou comprar, vou deixar para depois. Isso é a inflação. Agora, o efeito negativo é que diminuindo o consumo, diminui a questão da dinâmica do crescimento, e diminuindo o crescimento, vamos estender a crise por mais tempo. Isso é efeito colateral. Por fim, os números apresentados, são bastante razoáveis do ponto de vista da decisão técnica, estamos combatendo com um remédio uma determinada enfermidade, mas que tem efeitos colaterais”, finalizou o economista.