02/08/2021 as 08:48

ECONOMIA

Geração de emprego: SE enfrenta dificuldades na recuperação

Com crescimento de apenas 0,32%, Estado apresenta pior avaliação do paí

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O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentou uma análise sobre a situação do saldo de empregos em Sergipe que, no mês de junho deste ano, teve um aumento de 0,4%. Segundo ele, os números, apesar de apresentarem um pequeno crescimento, ainda não trazem um dado positivo na economia total. Com fortes críticas à situação, ele expôs outros dados que, de acordo com ele, demonstram algo diferente daquilo que vem sendo amplamente divulgado, principalmente por setores empresariais e grupos políticos que atuam com essa bandeira.

O economista destaca que o emprego em Sergipe mostra a dificuldade de crescimento. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta sexta-feira, 30, pelo IBGE, mostra que o emprego teve um crescimento no Brasil, mas Sergipe ficou com a pior avaliação, com 0,32%. “O emprego em Sergipe mostra dificuldade de recuperação. Estamos vencendo o processo de vacinação, boa parte da população sergipana já tomou a primeira dose; vários setores da nossa economia já estão voltando a normalidade, mas mesmo assim a geração de emprego no nosso Estado é muito fraca e olha que nós tivemos a volta da operação da Fafen. O crescimento do emprego em termos absolutos, no mês de junho, foi de 1.107, saldo positivo, mas a variação do emprego é a pior do país, 0,41%, mostrando a dificuldade na geração de emprego”, alertou.

O economista observa que se avaliar os meses janeiro a junho, Sergipe também teve um desempenho fraco, sendo o segundo pior Estado da federação. Foram gerados 877 empregos nesse período, estando à frente apenas de Alagoas, que teve um saldo de negativo de mais de cinco mil trabalhadores. “Isso mostra a dificuldade da geração de emprego aqui. É preciso que o Governo do Estado fique atento às questões. Nós estamos sim flexibilizando a abertura de vários setores, mas esses setores não estão respondendo com a geração de emprego. Então a situação em relação ao que está acontecendo nos outros estados do país é grave e merece um cuidado melhor do Governo do Estado”, frisou.

Moura avaliou ainda a postagem na rede social do deputado Laércio Oliveira, segundo ele, na ânsia de fazer um certo proselitismo político com a geração de emprego, ressaltando 1.107 empregos gerados, o deputado esquece que Sergipe foi o pior desempenho entre os estados brasileiros. O deputado foi relator da terceirização e também foi um defensor ferrenho da reforma trabalhista. “À época, dizia-se que ia gerar milhões de empregos, que o mundo ia melhorar, que a CLT era velha, que a terceirização ia possibilitar que os empresários contratassem mais, enfim, nada disso aconteceu. Então o deputado ressalta os 1.107 e esquece que é o pior desempenho entre os estados. Esquece-se também que no semestre, os primeiros seis meses do ano, enquanto que o Brasil, apesar que esse Caged ter mudado a metodologia, teve 1,5 milhão de empregos, enquanto que Sergipe teve só 877 empregos no semestre, bem abaixo dois 2.107”, disse.

E completa: “A minha fala sobre os empregos e a do deputado exaltando os 1.107 mostram uma visão de mundo do mesmo fato totalmente diferente. Nada contra, acho até que ele representa muito bem os interesses dos empresários, não só sergipanos, mas dos empresários de uma forma geral, ele como empresário, nada mais legítimo que faça isso dentro de uma democracia como a nossa. Eu como assessor do movimento sindical, movimento popular, olho não só o número em si, mas o todo, pois o Estado de fato está atravessando um problema sério, nossa economia está saindo de uma economia estatal”.

O dirigente do Dieese relata ainda que esse tipo de economia, com participação empresarial estatal sempre foi o que impulsionou a economia sergipana, infelizmente não se sabe o que vai impulsionar a economia daqui pra frente. Há uma tendência, observa o economista, de manutenção de uma visão do governo esvaziar o Estado e diminuir o papel do empresário. Ele cita, por exemplo, a saída da Petrobras de Sergipe, situação que vai ter consequências ruins, mesmo com a retomada da Fafen, não houve impulsionamento do emprego. “Então, o papel do um assessor sindical é alertar para isso, não só para o sindicato e os trabalhadores, mas para a sociedade. Tenho filhos aqui e quero que o Estado de Sergipe se desenvolva, cresça, gere emprego, mas só essa nova visão não vai dar resposta a isso infelizmente. Acredito que o empresário poderia defender vários interesses que são comuns tanto do empresário como do trabalhador; um exemplo disso é o fortalecimento da política de salário mínimo. Ela interessa o empresário do comércio, mas não vemos o deputado defendendo isso. Um auxílio emergencial maior também é interessante para o empresário”, avalia.

O economista destaca ainda que até o próprio ministro Paulo Guedes já está com vergonha de divulgar os números do Caged porque o número não está batendo com outro número, é claro que são metodologia, mas teria que ter ao menos uma tendência. Se o Caged está com uma tendência de aumento do emprego, a Penad Contínua deveria estar com a tendência da diminuição da taxa de desemprego. “Então veja que nós geramos aí no semestre esses 877 empregos, mas hoje 226 mil sergipanos estão desempregados, isso é grave, e acredito que o próprio deputado poderia ajudar nesse sentido, mas a visão dos deputados, não só ele, é aquela do dono da Riachuelo: não vamos taxar as grandes fortunas porque vai empobrecer o rico, olha a visão! Ele não pensa que taxar grande fortuna pode transferir renda para os mais pobres e deixar os ricos um pouco menos ricos, mas continuam sendo ricos. Então, esse post do deputado daria uma bela análise de conjuntura”, finalizou o economista.

|Por Grecy Andrade
||Foto: Divulgação