05/04/2022 as 09:22

RODOVIA

Blocos de concreto dificultam travessia de PCDs em rodovia

Blocos de concreto dificultam travessia de PCDs em rodovia

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Circulou nas redes sociais neste último final de semana o vídeo de um homem com deficiência, em uma cadeira de rodas, indignado com a instalação dos “gelos-baianos”, os blocos amarelos de concreto instalados na rodovia estadual que dá acesso às praias de Aracaju. Com uma marreta na mão, o homem quebra o bloco para poder atravessar a via. “Meu nome é Vandinho, sou cadeirante, me respeite”, diz o homem no vídeo, referindo-se ao governador do Estado.

Para ele, a obra foi feita sem pensar na acessibilidade de pessoas com deficiência. “Como é que nós, cadeirantes, vamos atravessar aqui? Governador, se você não respeita a gente, a gente também não respeita você. Venha colocar o negócio certo. Será que vou ter que andar com uma marreta dia e noite para quebrar isso aqui por conta da incompetência de vocês?”, questiona o homem. A garçonete de um bar da região, Luciana Santos Costa, conta que recebe muitos clientes com deficiência no estabelecimento e notou que a situação dessas pessoas ficou complicada com a implantação dos gelos-baianos. “A gente que tem perna pode se virar, subir, mas e as pessoas com deficiência como ficam? Têm que se deslocar não sei quantos metros para atravessar, para depois voltar não sei mais quantos metros para vir ao restaurante. Está complicado”, afirma a funcionária. O que diz a gestão?

A reportagem do JORNAL DA CIDADE conversou com o secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Ubirajara Barreto, para entender os motivos que levaram à instalação dos blocos de concreto e quais critérios utilizados para garantir acessibilidade. Segundo ele, a principal função do gelo-baiano é educar motoristas que realizam manobras irregulares na rodovia, a exemplo de retornos no meio da avenida. “Ele serve para que motoristas imprudentes não façam retornos no meio do trecho, como faziam antigamente. São os motoristas que não têm educação. As pessoas fazem retorno no meio da pista. Então foi feito para que as pessoas façam o retorno sem causar transtorno para o trânsito”, explica Ubirajara.

Sobre o vídeo do homem quebrando o bloco de concreto, o secretário informa que entrará com um boletim de ocorrência contra o autor, por depredação de patrimônio público. “Foi um ato de vandalismo. Ele deve ter sido mandado por alguém, porque a cerca de dez metros do local do vídeo tem uma rótula para travessia”, avalia o secretário.

Segundo Ubirajara, os gelos- -baianos estão localizados em alguns trechos da rodovia e estão acompanhados de seis passagens de pedestres, com lombo-faixas, para a travessia de pessoas com deficiência. A reportagem do JC esteve no local e confirma a presença das lombo-faixas, no entanto, também observou que há uma certa distância entre uma passagem e outra, o que fará com que o cidadão precise se deslocar uma distância considerável para conseguir atravessar, caso ele esteja no meio do gelo-baiano. “No sentido Passarela do Caranguejo para Praia do Viral nós temos vários trechos. Temos uma via com 3,5 metros de largura, com 240 vagas de estacionamento e seis lombo-faixas para a travessia. Nesse trecho do gelo-baiano, no lado onde ficam os bares, um lado da pista será proibido para estacionamento, porém, a sinalização vertical ainda não está pronta, então ainda está desordenado. A obra ainda não acabou”, acrescenta.

Após tomar ciência da denúncia do homem, o secretário afirma que enviou uma equipe técnica que entende de acessibilidade até o local. “Se for necessária mais passagem de pedestres para facilitar a vida dessas pessoas, faremos”, garante Ubirajara, afirmando também que a obra foi projetada por uma empresa privada contratada pela Secretaria de Estado do Turismo. A obra tinha previsão de conclusão para o dia 10 deste mês, no entanto, devido à intercorrências causadas pela pandemia da Covid-19, deverá ter o prazo estendido. “Esses bares seriam demolidos por conta de uma ação judicial do Ministério Público Federal. Só não foram derrubados por conta da obra. Ao invés deles estarem reclamando, deveriam estar elogiando o governador. Com essa pandemia estamos tendo muita dificuldade, e até o final da obra ainda teremos transtornos”, avalia.

|Por Laís de Melo
||Foto: Jadilson Simões