17/07/2025 as 16:16
INSERÇÃO CULTURALSensibilização e educação artística estão presentes em todo o processo, reforçando ações de ressocialização
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O Presídio Feminino (Prefem), localizado em Nossa Senhora do Socorro, recebeu nesta quinta-feira, 17, a 1ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Sistema Prisional, em 2025. A ação é realizada nacionalmente pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), com participação do Ministério das Mulheres e do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.
Em Sergipe, a ação iniciou na última terça-feira, 15, com a atividade no Copemcan, maior unidade prisional do estado, situada no município de São Cristóvão. Lá, os internos assistiram à exibição de obras que abordavam sobre questões sociais e políticas, trazendo reflexões de outras possibilidades de vida além das unidades prisionais.
No Prefem, a iniciativa contou com a participação da juíza Iraci Mangueira, que atua no Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça de Sergipe (GMF/TJSE). “Sempre que posso acompanho as ações realizadas no Prefem. Acredito na humanização das penas, na força da arte e no poder motivador que pode mudar a trajetória de cada uma dessas pessoas”, revelou a magistrada, que já participou de diversas iniciativas correlatas ao Presídio Feminino.
Interatividade
Ainda durante a atividade foram realizadas interações entre o corpo técnico da unidade e as internas, potencializando novas alternativas de inserção cultural e educativa. A policial penal e escritora Roberta Ferraz é uma das colaboradoras que participa de ações de incentivo à leitura e percebe o grande interesse das internas nas ações.
"Já trabalhamos com a interface do estímulo à leitura e agora, com o cinema, isso será potencializado. Queremos que este período que elas passam por aqui seja o mais produtivo possível para a transformação de suas vidas”, relata.
Para a diretora do Prefem, a policial penal Edinólia de Souza, o exercício praticado com elas, ao participarem da mostra de cinema, ajuda a desenvolver várias formas de entendimento que colaboram no processo de ressocialização.
“Durante a exibição, elas fazem anotações sobre alguns tópicos e, ao final, realizamos uma roda de conversa sobre o que elas detectaram. Além de desenvolver a percepção, as emoções e os valores trabalhados ajudam no processo de reflexão, e é disso que precisamos para que elas redefinam suas prioridades”, informa.
Consolidando essa visão, a interna D.P., de 37 anos, destaca que durante o filme elas trabalham lembranças e a similaridade de situações que vivenciaram em suas vidas. “Rimos, choramos, associamos com coisas que passamos, e é muito bom isso que o filme nos proporciona. Todas temos problemas e devemos pensar sempre em qual melhor maneira de resolver. Num momento como este, é disso que lembramos”, descreve a interna, que antes do seu período de reclusão era cantora.
Ação Reflexiva
Cerca de 80 internos participam de cada uma das sessões promovidas nas unidades. No turno seguinte são promovidas as rodas de conversa, onde eles externam as impressões e aspectos que mais chamaram atenção na exibição dos filmes, que é uma das premissas da ação.
“Queremos justamente trazer uma reflexão. Os filmes são pré-definidos com este intuito e os resultados têm sido muito positivos em todos esses momentos”, destaca a diretora do Núcleo de Reinserção Social da Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa do Consumidor, a policial penal Edjane Marinho.