03/04/2019 as 08:46

No bolso

Divórcio: crise financeira faz aumentar casos

O economista Neidázio Rabelo pontua que a segunda causa dos divórcios realizados no Brasil, de acordo com constatações feitas por profissionais da economia e advocacia.

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Divórcio: crise financeira faz aumentar casos

Um famoso provérbio popular diz: “quando a fome entra pela porta, o amor sai pela janela”. Pode parecer inusitado, mas, em tempos de crise econômica, a velha máxima pode se confirmar. Isso porque conforme pesquisa realizada pelo SPC Brasil e Banco Central, 46% dos casais brasileiros brigam por dinheiro. Ou seja, o acerto das contas é motivo de briga para quatro em cada dez brasileiros casados.

O economista Neidázio Rabelo pontua que a segunda causa dos divórcios realizados no Brasil, de acordo com constatações feitas por profissionais da economia e advocacia, é devido à crise financeira. A primeira continua sendo a infidelidade.


Para o economista, os últimos anos estão sendo marcados pelas dificuldades econômicas e esse fator impacta de forma expressiva a sociedade, sobretudo os relacionamentos, gerando assim as brigas. “A crise vem ocasionando perdas na qualidade de vida, de bens, dentre outros, principalmente na família”, destaca.

Em meados de 2014, especialistas em finanças apontavam que o Brasil entrava em uma profunda crise econômica, causada principalmente pela recessão econômica. Até os dias atuais, a instabilidade financeira assombra os brasileiros.

Neidázio Rabelo diz que as perdas geradas na relação do casal, causadas pela crise econômica, podem chegar a ocasionar brigas e, por conseguinte, o divórcio. Segundo dados do Colégio Notarial do Brasil (CNB/SE), em 2018, o número de divórcios extrajudiciais realizados no Brasil chegou a 73.934. Houve um aumento de 0,4% em relação a 2017, quando foram registrados 73.642 atos.

O assunto pode ser íntimo, mas é de interesse social. Isso porque os especialistas em finanças apontam que esses fatores refletem na economia. O jeito que os casais lidam com dinheiro, como gastam, se investem, se vivem endividados ou poupam. A constatação é que há um impacto direto no crescimento do país.

“A família é a base da economia. Dali sai todo o projeto de consumo e também de renda, de relação de riqueza, sustentando, assim, a economia”, expressa o economista Neidázio.

Além de apontar que 46% dos casais brasileiros brigam por dinheiro, a pesquisa realizada pelo SPC Brasil e Banco Central, revela, ainda, que 51% dos brasileiros culpam o parceiro ou a parceira pelo desequilíbrio financeiro.


A sinceridade entre os casais também não é um fator marcante na relação. Isso porque 29% afirmam não revelar as contas para o outro. Já 15% dos entrevistados pontuam que falar sobre dinheiro não combina com o relacionamento.


Não há uma receita mágica para acabar com as brigas ou salvar o casamento. Porém, o economista Neidázio faz algumas orientações que podem auxiliar no convício do casal.

“A forma para não perder o casamento ou a relação, porque nem sempre são casados, é cuidar das finanças, com uma organização financeira e transparência”, orienta o economista.


Outra dica dada pelo especialista é que seja estabelecido um pacto da verdade, revelando um ao outro quanto ganha ou gasta na sua integralidade. Outro aconselhamento, também, é da produção de um cronograma contendo o custo fixo mensal, que são as contas de energia, água, condomínio, etc.


“O ideal, também, é não deixar nenhum pagamento para o mês seguinte. Gastos extras, feitos através de cartões de crédito, por exemplo, devem ser controlados. O objetivo é não deixar virar uma bola de neve”, frisa Neidázio Rabelo.