29/04/2020 as 13:05

CORONAVÍRUS

Líderes evangélicos pedem a reabertura das igrejas em Sergipe

Segundo o pastor Luiz Antônio, a "gota d'água" foi quando líderes e membros perceberam a flexibilização de diversos setores “sem justificativas” por parte do governo

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O Governo do Estado de Sergipe tem flexibilizado o isolamento social para alguns setores econômicos desde o dia 16 de abril, quando liberou o retorno do funcionamento de hotéis, motéis, pousadas, lojas de material de construção, imobiliárias, concessionárias, óticas, etc. No último dia 27, em novo decreto, foi liberado novos setores, como joalherias, perfumarias, escritórios de advocacia e contabilidade, consultórios médicos, e demais serviços de maneira gradual.

Contudo, desde o primeiro decreto do estado com a proibição de aglomerações, foi determinada a suspensão de missas e cultos religiosos, e que permanecem mantida. Com isso, líderes evangélicos do estado se reuniram nesta última terça-feira, 28, para discutir o impedimento do governo do retorno dos templos, mesmo com medidas de restrição e prevenção planejadas ou formato drive in.

Eles pedem a reabertura das igrejas seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) como a utilização de máscaras, que agora é item obrigatório em Sergipe, distanciamento entre os fiéis nas igrejas, e disponibilização de álcool em gel. Nas redes sociais, muitos internautas têm questionado se a preocupação das igrejas é quanto ao pagamento dos dízimos e ofertas, que pode ter tido queda com o fechamento durante o período de pandemia. Contudo, o pastor da igreja Quadrangular, Luiz Antônio, ressalta que essa não é a preocupação.

“Queremos que a Igreja seja percebida não apenas com a sua relevância espiritual, mas, também, pelo papel de ordem social e de assistência, onde atuamos de maneira considerável. O nosso pedido não é apenas de reabertura, mas que a igreja fosse chamada para participar dessas decisões, da possibilidade ou não de reabertura ou da forma como isso poderia acontecer”, explica o pastor.

Ainda conforme o líder, a “gota d’água” se deu quando pastores e membros perceberam que outros setores estão sendo reabertos “sem justificativas”. “Quando permite joalherias, perfumarias, lojas de cosméticos, com a alegação de que o fluxo de pessoas é menor, você pode ver, por exemplo, uma loja de material de construção em Aracaju completamente lotada diariamente. Por mais que eles tomem todo o cuidado, há circulação de pessoas. Elas estão se esbarrando nos corredores. Então, a nossa indignação é quando a gente vê os dois pesos e duas medidas”, ressalta o pastor.

Segundo Luiz Antônio, o governador Belivaldo Chagas chegou a pronunciar a possibilidade de reabertura das igrejas em dias de funcionamento pré-determinados, o que também causou estranhamento.

“Qual fundamento para isso? O vírus não pega na segunda ou na quarta-feira? É um absurdo. Nós, pastores, somos obrigados a pedir que o governador converse conosco. A nossa briga não é necessariamente para reabertura. Mas queremos que a igreja tenha o devido respeito do governo. O primeiro item de liberação foi motel. Isso é serviço essencial, por acaso?”, questiona o pastor.

Luiz Antônio é o líder da Igreja do Evangelho Quadrangular, congregação que conta com cerca de 15 mil membros em Sergipe, divididos entre mais de 110 templos. No entanto, o pedido para reabertura das igrejas conta a participação de diversas entidades evangélicas.

O posicionamento da Arquidiocese Aracaju diverge com a dos líderes evangélicos. O arcebispo Dom João José Costa determinou que todas as paróquias continuem fechadas, obedecendo as exigências do Governo do Estado.

Recentemente, o prefeito do município de Nossa Senhora do Socorro anunciou um decreto (posteriormente revogado) com a liberação para reabertura dos templos, no entanto, a Arquidiocese se manifestou reforçando como as paróquias deveriam agir: permanecendo temporariamente fechadas. Segundo o assessor de comunicação da Arquidiocese, Carlos Barbosa, as igrejas não teriam condições de reabrir seguindo as recomendações, pois algumas não contavam com poder aquisitivo para disponibilizar álcool em gel para todos os fiéis. Sendo assim, o melhor a se fazer, era permanecerem fechadas.

Questionado sobre essa mesma situação em relação às igrejas evangélicas, o pastor Luiz Antônio pontua que, mesmo sem a reabertura, igrejas já vinham adotando medidas de prevenção, o que inclui álcool em gel e máscaras.

“As Igrejas são conhecidas pela capacidade de disciplina e facilidade de organização com sua membresia, prova disso são os eventos abertos a grande público, sempre muito bem validados pelas autoridades de segurança. A Igreja e o exército, por exemplo, estão entre os destaques na sociedade como referência de administração. Então, certamente, essas instituições já estão se planejando para manter as medidas de prevenção quando for liberada a reabertura”, garante o pastor.

Ele acrescenta, ainda, que cultos e missas já foram retomados em diversas localidades, de forma ordeira e cumprindo todas as medidas de segurança, a exemplo de, segundo ele, Santa Catarina (todos as cidades, inclusive capital); Minas Gerais (diversas cidades, a exemplo de Betim e Ribeirão das Neves), BH ainda não; Distrito Federal (liberou culto nos carros, no estacionamento); Goiás (liberou seguindo as orientações do MS); Espírito Santo (liberou máximo 50 pessoas); Mato Grosso do Sul (liberou diversas cidades); Rondônia (decreto saiu hoje liberando) e Rio Grande do Sul (permite 30% da capacidade).

Um documento oficial está sendo concluído, onde será encaminhado ao Governo do Estado, com a assinatura de diversos líderes evangélicos, com a solicitação do retorno seguindo as devidas recomendações e orientações. “A igreja, literalmente, salva vidas. Pedimos que seja reconhecido o trabalho social e psicológico que realizamos, com atendimento até mesmo de profissionais da psicologia e da medicina, além da entrega de cestas básicas. Portanto, estamos fazendo nossa reivindicação”, conclui o pastor.

|Da redação do JC Online

||Foto 1: Ascom/IEQ |Foto 2: André Moreira