16/10/2020 as 09:09

ECONOMIA

Inflação aumenta mais para pessoas com renda muito baixa

Houve aumento para todas as faixas de renda, no entanto, conforme Ipea constata, está três vezes superior do que a observada entre a classe com renda alta

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Segundo dados do Indicador de Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de inflação de famílias com renda muito mais baixa chegou a 0,98% em setembro deste ano, três vezes superior à observada entre a classe com renda alta, de 0,29%.

Ainda conforme a pesquisa, famílias com renda muito baixa são aquelas com salários inferiores a R$ 1.650,00. Já as famílias com renda alta são aquelas com rendimento superior a R$ 16.506,66 por mês. A pesquisa do Ipea constatou, ainda, que a inflação aumentou, de agosto para setembro, em todas as faixas de renda. Ela foi maior entre as pessoas com renda muito baixa, principalmente por causa da alta de preços dos alimentos, que responderam por 75% da taxa de inflação de setembro. Tiveram aumento de preços no mês produtos como arroz (18%), óleo (28%) e leite (6%).

De acordo com a avaliação do economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Luís Moura, os aumentos dos produtos da cesta básica já são uma prova de que as famílias de baixa renda têm sentido bem mais a inflação.

“Nossa cesta básica tem tido aumento bem acima da inflação. Fechou uma média de 13% de aumento. Alimentos necessários como arroz, feijão, carne, óleo, farinha, sofreram aumentos exorbitantes dentro de um ano, sobretudo depois da pandemia. O arroz é o exemplo maior, mas não fica só nele, o óleo de soja, a farinha de mandioca, todos tiveram aumento acima desse 0,98% da taxa de inflação de famílias com renda baixa”, aponta Moura.

Segundo ele, os consumidores que ganham R$ 1.045, um salário mínimo, estão tendo que comprar quantidades bem menores de alimentos, já que os aumentos verificados nos produtos para quem ganha salário mínimo, foi elevado.

“Não há muito o que fazer, porque a pesquisa de preço diminui o preço em 40 centavos. Eu recomendo, para quem ganha até dois salários mínimos, que consuma no mercado central, nas feiras livres, que façam uma pesquisa de preço, porque são produtos agrícolas, invariavelmente as feiras são mais baratas do que os supermercados. Mas eu reconheço que está muito difícil de você fugir do aumento verificado nesses produtos, para quem ganha menos. A cesta de produtos para os mais pobres tiveram uma variação bem acima da inflação, como a pesquisa do IBGE demonstra. Não vejo, no momento, nenhuma perspectiva de reversão disso. Os preços continuarão sendo caros para quem ganha salário mínimo, infelizmente”, constata o economista.

Repórter: Laís de Melo

Foto: André Moreira