01/09/2022 as 10:18

CINEMA

Cine Alquimia e Cine Vitória exibem ‘A Viagem de Pedro’

O filme revela um lado do imperador pouco conhecido nos livros, mostrando-o de uma maneira completamente diferente de que se tem conhecimento

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Cine Alquimia e Cine Vitória exibem ‘A Viagem de Pedro’

Às vésperas da eleição mais aguerrida da história após a redemocratização pós anos de chumbo e da celebração pelo bicentenário da independência brasileira, ironicamente a primeira grande estreia nas salas de cinema no mês de setembro é sobre um momento na vida do homem que libertou a nação das amarras portuguesas. Dirigido por Laís Bodanzky, que também assina o roteiro e protagonizado por Cauã Reymond, que é um dos produtores, “A Viagem de Pedro” aborda uma passagem na vida do ex- -imperador pouco explorada pela historiografia, quando ele fez a travessia do Brasil para Portugal em 1831, quando retorna à terra natal e irá enfrentar o irmão Miguel que havia usurpado o seu reino. Na dura trajetória no cruzamento do Atlântico a bordo de uma fragata inglesa na qual se misturam membros da corte, oficiais, serviçais e escravizados, Pedro se vê doente e inseguro, e, além de ter ido em busca de um lugar e uma pátria, se vê em busca de si mesmo.

O filme revela um lado do imperador pouco conhecido nos livros, mostrando-o de uma maneira completamente diferente de que se tem conhecimento. Mesmo tendo recebido algumas críticas desfavoráveis por conta de algumas situações, já que a diretora fez o uso da imaginação para preencher lacunas da própria história, a produção demonstra muita competência em quesitos técnicos, a exemplo da fotografia, direção de arte, figurinos e trilha sonora e fez sucesso em alguns festivais por onde passou, tendo vencido o prêmio de Melhor filme Americano no Septimius Awards, em Amsterdã, e na terça-feira, 30, foi pré-selecionado pelo Comitê Brasileiro de Seleção do Oscar junto a outros cinco longa metragens nacionais, e, se escolhido, representará o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional, no Oscar 2023.

Outras estreias
Além de dar continuidade à exibição de “O Ascensor para o Cadafalso”, “Clara Sola” e “Marte um”, o Cinema Vitória estreia dois filmes bastante interessantes. O primeiro deles é o documentário coproduzido pelo Reino Unido, Brasil e Irlanda do Norte: “A Fantástica Fábrica de Golpes”. Dirigido por Victor Lopes, o filme joga o peso na influência das mídias na confecção das deposições de presidentes no Brasil. E isso se dá, na acepção dos documentaristas, por não haver uma compreensão adequada por parte da população dos efeitos e das responsabilidades que os veículos de comunicação exercem sobre a opinião pública, visto que em uma recente pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo 60% da população acha que as emissoras de TV são de propriedade de empresas privadas, enquanto apenas 30% sabem que se trata de concessões públicas, mas geridas por companhias.

Após a exibição do documentário, haverá uma roda de conversa com a professora da Universidade Federal de Sergipe, Ângela Dias. Já “Encontros”, drama sul- -coreano escrito e dirigido por Hong Sang-soo (não confundir com o filme homônimo do Amazon Prime) é uma produção dividida em três partes. Na primeira delas, Young-ho (Shin Seok-ho), um jovem de 20 e poucos anos, pede à sua namorada, Ju-won (Park Mi-so), que o espere num café, enquanto ele faz uma rápida visita a seu pai, um médico (Kim Young-ho). Este, por sua vez, está ocupado, atendendo a ator famoso (Ki Joo-bong). Na segunda parte, Ju-won está morando em Berlim, onde estuda moda, e lá conhece uma artista plástica (Kim Min-hee), amiga da mãe da jovem que a hospedará enquanto ela procura um lugar para morar.

A pintora, diz a mãe, não tem muitos amigos, será bom ela ter alguém para conversar. Tempos depois, a jovem é surpreendida por uma visita de seu namorado. A terceira e última parte, já mostra Young-ho, de volta à Coréia e encontra sua mãe (Yun-hee Cho) almoçando com o ator do primeiro segmento. Entre uma dose e outra de soju, uma bebida tipicamente coreana e sempre presente nos filmes do diretor, a conversa toma caminhos estranhos abordando, entre outras coisas, a arte de atuar e as paixões humanas. Muito elogiado pela crítica especializada, o filme teve sua estreia mundial na 71ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, onde recebeu o Urso de Prata de Melhor Roteiro.

Por sua vez, o Cine Alquimia faz às 20h do sábado, 3, a pré-estreia do documentário ‘Maria, Ninguém sabe Quem sou Eu’. Com direção e roteiro de Carlos Jardim, o filme tem o intuito de narrar a história de Maria Bethânia Viana Teles Veloso, e rever os 57 anos de carreira e os 76 anos na vida pessoal, além dos bastidores de seus inúmeros projetos. Quem desvenda seus mistérios é a própria Bethânia, em um depoimento inédito gravado no Hotel Copacabana Palace. A ideia é trazer fotos, imagens e extras inéditos, garimpados nos arquivos da TV Globo, da TV Bahia e nos próprios acervos da cantora, compositora e poetisa, de registros feitos por fãs-fotógrafos.

No complexo Cinemark, os cinéfilos terão a oportunidade de assistir o longa nacional “Predestinado”, que narra a vida de José Pedro de Freitas, mais conhecido por Zé Arigó (Danton Mello), um homem simples que morava junto à esposa Arlete (Juliana Paes) em Congonhas, Minas Gerais. Ambientado na década de 50, época em que a religião espírita não era tão conhecida e respeitada no país, Arigó tornou-se um símbolo de esperança através de suas cirurgias e curas espirituais.