11/09/2020 as 09:05

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Sergipe se prepara para enfrentar síndrome associada à Covid

Em todo o Brasil, pelo menos 197 crianças e adolescentes apresentaram sintomas da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica

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Sergipe se prepara para enfrentar síndrome associada à CovidIlustração/Getty Images

Apesar de ainda não ter nenhum registro para a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) tem feito ampla divulgação entre os profissionais sobre essa nova doença, potencialmente associada à Covid-19 e que acomete crianças e adolescentes.

Para se ter ideia da gravidade, pelo menos 197 crianças e adolescentes apresentaram, até o fim de agosto, uma série de problemas de saúde característicos dessa nova patologia. De acordo com o Ministério da Saúde, do total de crianças, 140 tinham menos de dez anos no momento em que adoeceram. Ainda segundo a pasta, a síndrome pode ter causado a morte de pelo menos 14 pacientes com idades entre zero e 19 anos no período de maio a agosto deste ano. Os óbitos notificados foram registrados em oito estados: Pará (3); Rio de Janeiro (3); Ceará (2); Paraíba (2); Bahia (1); Pernambuco (1); Piauí (1); e São Paulo (1).

Segundo o diretor da Vigilância em Saúde da SES, o infectologista Marco Aurélio Góes, apesar de Sergipe não ter registrado nenhum caso para a síndrome, os profissionais devem estar em estado de alerta.

“A Síndrome Inflamatória Multissistêmica, que é muito comum nas crianças, é um processo inflamatório que ocorre após a infecção e, às vezes, a infecção na criança foi até assintomática. Então, não é um evento comum, pela magnitude da doença no país inteiro, mas tem sido muito descrito em vários estados. Em Sergipe, a gente não teve nenhum caso ainda confirmado. Teve uma leve suspeita, mas que foi logo descartada porque os exames foram todos negativos. Foi logo no começo e não foi nem notificado porque não entrou nem na definição de caso suspeito. De maneira geral, a gente fez uma ampla divulgação pela rede hospitalar, pela Sociedade de Pediatria, para que quando tiver algum caso seja logo notificado”, pontua o médico.

Ele chama a atenção para a necessidade de o profissional conhecer bem os sintomas, uma vez que podem se confundir com outras doenças. Marco Aurélio alerta ainda para que a população não esqueça que a pandemia da Covid-19 ainda não acabou.

“Às vezes é um quadro que aparece e pode confundir com outras doenças infecciosas e é importante que o profissional esteja alerta para poder colher os exames e descartar ou confirmar o caso. É importante a gente reforçar também que nesse período, que a gente começa a ter uma queda no número de casos, isso pode perder um pouco da visibilidade e as pessoas acabarem não relacionando com a Covid-19”, finaliza o infectologista.

Sintomas

Embora se caracterize por sintomas diversos, a síndrome está frequentemente associada à febre persistente, acompanhada de pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor abdominal, náuseas e vômitos, entre outros. Em alguns casos, o paciente pode desenvolver também sintomas respiratórios e disfunção cardíaca. Além disso, há sempre uma marcante atividade anti-inflamatória do organismo.

Os primeiros casos da nova síndrome começaram a ser registrados na Europa em abril deste ano. Os relatos logo se multiplicaram, motivando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a emitir um alerta para chamar a atenção de pediatras de todo o mundo.

|Da equipe JC

||Foto: Ilustração/Getty Images