27/05/2024 as 09:35
RICARDO ABREUSegundo o secretário de educação de Aracaju, Ricardo Abreu, o posicionamento da capital é consequência do esforço coletivo em busca da diminuição do número de analfabetos.
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A divulgação pelo instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE) das taxas de analfabetismo no início desta semana trouxe clima de satisfação na secretaria municipal de educação de Aracaju (SEMED) com o bom desempenho alcançado. Os dados apurados em 2022 mostram que a taxa de analfabetos no brasil é de 7% e a do nordeste 14,2%, Aracaju possui taxa de 5,22%, o que representa 25.611 pessoas com quinze anos ou mais que não possuem o domínio da leitura e da escrita. O estado tem pouco mais de 13,8%, um percentual elevado. Segundo o secretário de educação de Aracaju, Ricardo Abreu, o posicionamento da capital é consequência do esforço coletivo em busca da diminuição do número de analfabetos. Em entrevista ao Jornal da Cidade, abreu deixa claro que as ações para que a redução do analfabetismo na capital sergipana terá continuidade.
JORNAL DA CIDADE - Qual é o fato que justifica o baixo índice de analfabetismo em Aracaju, enquanto no estado, embora registre uma certa queda, continua elevado?
RICARDO ABREU - A partir dos dados de alfabetização do censo demográfico de 2022, podemos destacar que em Aracaju os índices demonstram o esforço coletivo em busca da diminuição do número de analfabetos. Aracaju é a terceira melhor capital nordestina em números de jovens, adultos e idosos alfabetizados, atrás apenas de Salvador (BA) e São Luís (MA). Há todo um processo para chegar aos atuais 5,22%, pois o analfabetismo em 2010 era de 6.65. Com o trabalho incansável da equipe da Semed, a taxa de 2023 chegou a 5.2%.
JC – A educação em Aracaju tem o que comemorar, em se tratando de combate ao analfabetismo?
RA - Enquanto a taxa de analfabetos no Brasil é de 7% e a do Nordeste 14,2%, Aracaju possui taxa de 5,22%, o que representa 25.611 pessoas com quinze anos ou mais que não possuem o domínio da leitura e da escrita. De modo geral, é possível afirmar que grande parte dessas pessoas são adultas ou idosas.
JC – Existe algum programa especial de enfrentamento ao analfabetismo em Aracaju?
RA - Na rede municipal de ensino de Aracaju, a Educação de Jovens e Adultos - EJA - é ofertada em 17 unidades educacionais e os investimentos vêm sendo ampliados com vistas a atrair para a escola essa parcela da população que não teve acesso ou continuidade do percurso educacional na idade de referência.
JC – A atenção especial é apenas para idosos que desejam ou são convidados por escolas?
RA - Outro ponto bastante significativo é a qualidade do trabalho pedagógico que vem sendo implementado na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Esse trabalho abrange o desenvolvimento, a prontidão e a alfabetização das crianças até o segundo ano do Ensino Fundamental, o que garante um percurso educacional satisfatório e colabora não só para a diminuição das taxas de analfabetismo, como também assegura o desenvolvimento pleno dos nossos alunos.
JC – O que é oferecido para atrair pessoas analfabetas para as salas de aula?
RA - Em Aracaju, os estudantes da EJA recebem fardamento e material didático, além de também serem assistidos pelo programa de Alimentação Escolar. Estes alunos também estão sendo contemplados com o programa Escola Tech, lançado oficialmente em 2024 pela Prefeitura de Aracaju. O programa está equipando as unidades de ensino com aparatos tecnológicos, como displays interativos de 75 polegadas, sistema de reconhecimento facial para a chamada, inteligência artificial, câmeras de segurança, entre outros. Além disso, cada estudante desta etapa receberá um notebook com internet, promovendo inclusão digital e modernizando o processo de ensino e aprendizagem.
JC – O que mais é feito pela alfabetização?
RA - Trabalhamos com o compromisso de alfabetizar todas as crianças na idade certa, que é até o final do segundo ano do ensino fundamental. E, para atingir esse objetivo, nós temos desenvolvido algumas ações, como o Programa Municipal de Fortalecimento da Alfabetização, o Educaju. Com esse programa, nós temos um material didático estruturado, os professores passam por formação continuada para aprimorar o conhecimento e para compartilhar experiências. Também temos avaliações de leitura a cada ciclo de 45 dias. Somente este ano, faremos seis avaliações deste tipo com os alunos do primeiro ano do Ensino Fundamental e, com base nos resultados das avaliações, nós planejamos as ações e estratégias para garantir que os alunos avancem a cada nível, a cada ciclo. Os níveis de leitura são seis: não leitor, leitor de sílabas, leitor de palavras, leitor de frases, leitor de texto sem fluência e leitor de texto com fluência. O nosso objetivo é que o aluno encerre o ano lendo o texto com fluência.
JC – Há avaliações frequentes?
RA - A cada ciclo de avaliação, nós observamos em que nível ele está e organizamos ações para que o aluno siga avançando. Também temos as avaliações formativas, realizadas no início, na metade e no final do ano letivo, em que os alunos têm a oportunidade de relembrar assuntos abordados que já foram consolidados e fornecem para a Semed um panorama de como está a aprendizagem. E a partir daí a gente observa o que esse aluno está precisando, quais são as ações estratégicas que a gente precisa tomar para que ele desenvolva as habilidades que ainda não foram consolidadas. A cada final de ciclo, nós nos reunimos com os gestores das escolas para organizar um plano de ação.
JC – Uma ação para todos os alunos?
RA - Nesse plano, fazemos um trabalho individual e personalizado, de aluno por aluno, especificando onde ele precisa melhorar. Através do nosso sistema Sima-Aju, todo o histórico de evolução do aluno fica registrado, incluindo os áudios gravados durante a prova de leitura. Todo esse material fica à disposição do professor e da equipe gestora de cada escola. Com isso, a gente consegue verificar o nível em que esse aluno está, para que possamos trabalhar no desenvolvimento das habilidades e, também, na competência leitora. As ações são planejadas junto com a escola, com o professor, para que cada estudante receba uma ação diferenciada. Cada criança precisa de um acompanhamento específico para que alcance a alfabetização e consiga ter a aprendizagem garantida. Porque o nosso objetivo é esse: que todas as crianças aprendam. Então, esse trabalho de alfabetização, de monitoramento e acompanhamento vai garantir que as crianças saiam alfabetizadas no tempo certo.