14/09/2025 as 11:34
ECONOMIATratado amplia exportações brasileiras e envolve 300 milhões de consumidores
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O Mercosul assinará na terça-feira (16), no Rio de Janeiro, um acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. A parceria ocorre em um momento de incerteza sobre o avanço do tratado com a União Europeia e em meio aos efeitos do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Segundo o Valor Econômico, as negociações entre o Mercosul e o Efta começaram em 2017 e foram concluídas em julho deste ano. O tratado cria um mercado de cerca de 300 milhões de pessoas, com Produto Interno Bruto (PIB) estimado em US$ 4,3 trilhões — equivalente a aproximadamente um quinto do potencial econômico do acordo ainda pendente com a União Europeia, avaliado em US$ 22 trilhões.
Pontos centrais do tratado
O acordo abrange o comércio de bens e serviços, além de temas como propriedade intelectual, concorrência e regras sanitárias e fitossanitárias. Setores como o industrial e o pesqueiro terão tarifas zeradas, enquanto o setor agrícola contará com cotas ampliadas.
Produtos brasileiros como carnes bovina, suína e de aves, milho, farelo de soja, café torrado, etanol, frutas e sucos estão entre os que devem ganhar competitividade. A assinatura será representada pelo chanceler Mauro Vieira.
Comércio bilateral em números
Em 2024, a corrente de comércio de bens entre o Brasil e o Efta foi de US$ 7,14 bilhões, o equivalente a 1,22% da balança comercial brasileira. Entre os destaques estão o ouro exportado para a Suíça (US$ 948 milhões) e o óxido de alumínio vendido para Noruega e Islândia. Do lado europeu, os principais embarques foram medicamentos, fertilizantes e pescado.
No setor de serviços, a corrente bilateral somou US$ 3,19 bilhões, de acordo com o Banco Central.
União Europeia ainda é prioridade
Mesmo com o avanço do tratado com o Efta, a principal expectativa do governo brasileiro segue sendo o acordo com a União Europeia, em negociação desde 1999. A ratificação, porém, enfrenta resistências dentro do bloco europeu, sobretudo de França, Polônia e Itália, e depende de aprovação no Conselho Europeu e no Parlamento Europeu.
O Brasil espera que as votações ocorram ainda em 2025, com previsão de entrada em vigor logo após a aprovação nos parlamentos de ambos os lados.
Estratégia contra tarifas americanas
Com a queda de 18,5% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos, após a imposição da tarifa de 50%, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou uma ofensiva diplomática para ampliar mercados alternativos. Entre os países em negociação estão China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Canadá, México e Emirados Árabes Unidos.
A assinatura do acordo com o Efta é vista como um passo estratégico para reduzir a dependência de mercados tradicionais e reforçar a presença brasileira no comércio global.