30/10/2025 as 18:01
CONHEÇA A HETEROCROMIAEspecialista explica causas genéticas, adquiridas e situações em que a variação pode estar ligada a doenças					
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Você já viu alguém com um olho de cada cor? Essa característica incomum, que chama atenção por sua beleza e raridade, é conhecida como heterocromia ocular. Embora desperte curiosidade e até inspire personagens de filmes e séries, a diferença na coloração dos olhos pode ter origens diversas — e, em alguns casos, indicar condições que merecem investigação médica.
A oftalmologista Dra. Jaqueline Ruiz, do H.Olhos – Hospital de Olhos da Vision One, explica que a heterocromia ocorre quando há variação na quantidade ou na distribuição da melanina, o pigmento responsável pela cor da íris. “Há situações em que um olho é totalmente diferente do outro, o que chamamos de heterocromia completa. Em outros casos, apenas parte do olho apresenta coloração distinta, como uma faixa ou mancha de tom diferente”, esclarece.
Segundo a médica, a condição não é uma doença em si, mas um achado ocular que pode ter diversas origens. “Quando a heterocromia é observada já no nascimento, costuma estar relacionada a fatores genéticos ou alterações durante o desenvolvimento embrionário. A cor dos olhos é determinada por um conjunto de genes, entre eles o OCA2 e o HERC2, que influenciam na produção e na distribuição de melanina no tecido ocular”, explica.
No entanto, mesmo quando aparece desde o nascimento, nem sempre há uma herança direta de pais para filhos. “Podem ocorrer mutações espontâneas ou mosaicismos, situações em que há pequenas variações genéticas apenas em determinadas células. Nesses casos, a heterocromia pode ser completamente isolada, sem qualquer relação com doenças”, destaca a oftalmologista.
Há, porém, síndromes e condições genéticas associadas à heterocromia. Entre elas, a Síndrome de Waardenburg, que envolve alterações de pigmentação e perda auditiva; a Síndrome de Sturge-Weber, marcada por angiomas e risco de glaucoma; e a Síndrome de Parry-Romberg, que causa assimetria facial e pode afetar a coloração dos olhos. “Esses quadros são raros, mas ilustram como a diferença de cor pode ser apenas estética ou um indício de algo mais complexo”, observa a especialista.
.jpg) A heterocromia também pode se desenvolver ao longo da vida, resultado de traumas, inflamações, uso de colírios específicos, tumores ou doenças que alteram a pigmentação da íris. “Certos medicamentos usados no tratamento do glaucoma, como os análogos de prostaglandina, estão entre os fatores que podem escurecer o olho de forma gradual. Já inflamações crônicas, como a iridociclite de Fuchs, podem provocar clareamento da íris”, detalha a Dra. Jaqueline Ruiz.
A heterocromia também pode se desenvolver ao longo da vida, resultado de traumas, inflamações, uso de colírios específicos, tumores ou doenças que alteram a pigmentação da íris. “Certos medicamentos usados no tratamento do glaucoma, como os análogos de prostaglandina, estão entre os fatores que podem escurecer o olho de forma gradual. Já inflamações crônicas, como a iridociclite de Fuchs, podem provocar clareamento da íris”, detalha a Dra. Jaqueline Ruiz.
Entre as causas neurológicas, a Síndrome de Horner também pode gerar heterocromia, especialmente quando ocorre na infância. “Nessa condição, há redução do estímulo simpático para o olho, o que diminui a atividade dos melanócitos e torna a íris mais clara no lado afetado”, explica.
Outras situações, como traumas ou cirurgias oculares, também podem modificar a pigmentação. “Quando há lesão direta na camada de melanócitos ou sangramentos dentro do olho, pode haver depósito de ferro ou outras substâncias, alterando a cor. É uma mudança estrutural, e não apenas aparente”, completa a médica.
Em relação à visão, a heterocromia congênita isolada geralmente não causa prejuízo funcional. “Quando a diferença de cor é apenas uma característica estética, não há impacto na acuidade visual. O problema surge quando há doenças associadas, como uveítes, tumores ou glaucoma. Nessas situações, o quadro precisa ser tratado para evitar complicações”, alerta.
Para identificar a causa, o diagnóstico é inicialmente clínico, feito pela observação direta dos olhos. “O oftalmologista avalia o histórico do paciente, verifica se a diferença é recente e examina toda a estrutura ocular. Quando necessário, podem ser solicitados exames de imagem, como tomografia de coerência óptica, ou avaliação da pressão intraocular”, explica a especialista.
A médica também destaca que há condições que podem simular heterocromia, sem alteração real da íris. “Mudanças de iluminação, cicatrizes corneanas ou diferenças no tamanho das pupilas podem dar a impressão de cores distintas. Por isso, o exame detalhado é fundamental para descartar outras causas”, pontua a Dra. Jaqueline Ruiz.
Quando o diagnóstico confirma que a diferença de cor é apenas estética, não há necessidade de tratamento. “Alguns pacientes procuram soluções por razões pessoais ou estéticas, e há opções seguras, como lentes de contato coloridas que igualam o tom dos olhos. Já procedimentos invasivos, como implantes de íris com fins cosméticos, não são recomendados, pois trazem riscos sérios e são indicados apenas em casos de reconstrução após trauma”, esclarece.
A oftalmologista reforça que o acompanhamento regular é importante, sobretudo se a alteração surgir de forma repentina. “Qualquer mudança na cor dos olhos merece atenção. A avaliação médica permite distinguir o que é apenas uma variação natural do que pode estar ligado a uma doença ocular ou sistêmica”, finaliza a Dra. Jaqueline Ruiz, do H.Olhos – Hospital de Olhos da Vision One.